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terça-feira, 26 de abril de 2011

Três anos de Holanda!!! Três anos no país dos tamancos, moinhos e tulipas....

O dia era lindo e ensolarado, mas ainda era bem frio pra alguém que tinha acabado de sair do verão brasileiro e cair na primavera holandesa. O horário era 11:50 da manhã e eu tinha acabado de descer de um vôo de quase 12h. De repente lá estava eu, numa terra estranha, com um povo estranho que falava uma língua estranha. O dia era 26/04/2008 e de lá pra cá minha vida virou do avesso e minha história começou a ser contada com mais convicção.

Nesses três anos eu morei em Amstelveen por três meses enquanto eu cuidava de uma menina linda de dois anos e meio e tentava lidar com seus pais problemáticos. Não deu certo! Então me mudei pra Amsterdam onde morei seis meses. Lá eu cuidava de duas meninas encapetadas e sua mãe solteira, control freak e neurótica. Mas lá dava mais certo do que na primeira casa porque eles não tentavam fingir que eu "fazia parte da família" e por isso a gente tinha um relacionamento mais de patrão e empregado e não tinha nada pessoal envolvido. Mas no final desses seis meses meu visto acabou e eu fiquei situação irregular, foi aí que eu fui mandada embora porque a família tinha medo da multa que eles poderiam receber por terem uma pessoa ilegal morando e trabalhando pra eles. 

Foi então que eu fui morar com o Stefan e sua mãe, pois eu não tinha nenhum outro lugar pra ir. Nesse tempo eu fiquei trabalhando e faxineira e baby sitter e me aprofundei nos estudos da língua holandesa. 

Ah sim, eu conheci o Stefan pela internet quando eu comprei as passagens pra vir pra cá. Eu queria fazer algumas amizades por aqui e comecei a adicionar pessoas com interesses em comum no Myspace o no Facebook. Foi então que comecei a conversar com ele e imediatamente a gente soube que quando nos encontrássemos pessoalmente nos daríamos super bem. Depois de três semanas por aqui, a gente finalmente marcou a data pra se conhecer e imediatamente já éramos um casal. E somos até hoje....

Depois de alguns meses morando na casa da minha sogra e decidindo nosso próximo passo, nós resolvemos mudar pra Bélgica e nos casarmos por lá, assim eu conseguiria um visto e a vida ficaria muito mais fácil. Foi assim que em novembro de 2009 nos mudamos pra Turnhout e em maio de 2010 a gente se casou. 

Nesse tempo eu comecei um curso intensivo de holandês e entrei pra academia de ginásticas. Enquanto isso a gente foi à vários shows e festivais e conhecemos a Bélgica literalmente de norte à sul. E no final do verão começamos a procurar um lugar pra morar quando voltássemos pra Holanda.

No inicio desse ano a gente comprou um apartamento em Rotterdam (Holanda) e agora estamos lidando com as obras de acabamento e com a compra de móveis e todas essas chatisses que é montar um casa. Também estamos super ocupados com as burocracias chatas de transferir meu visto belga pra Holanda. 

Enquanto isso eu estou me preparando pra fazer o teste de proficiência da língua pra poder começar a fazer faculdade no segundo semestre ou no inicio do ano que vem. Também estou preparando minha primeira viagem de férias em três anos, já compramos as passagens e no final de julho eu finalmente vou conhecer a Grécia! 

Bom, esse é um resumo muito curto desses três anos morando na Holanda (e também na Bélgica). Nesses anos eu ri e me diverti muito, também já sofri e chorei bastante. Conheci o amor da minha vida, fiz algumas grandes amizades, senti falta das minhas amizades e família no Brasil, fiquei homesick, me decepcionei e também me surpreendi com algumas coisas, pessoas e situações e fiz o meu melhor pra poder compartilhar o máximo possível com os poucos leitores desse blog. Obrigada a todos vocês pela força que sempre recebo e prometo manter contato sempre que possível....

terça-feira, 12 de abril de 2011

Momento de protesto e reflexão....

Eu praticamente nunca venho aqui pra protestar contra coisas que acontecem no mundo. Mas na ultima semana houveram 2 acontecimentos que me fizeram refletir muito sobre o modo em que o mundo está se desintegrando. Desde 2001 (depois dos atentados de 11 de setembro), o mundo está presenciando uma grande revolta contra o povo muçulmano, como se todas as pessoas com essa religião estivessem pilotando os aviões que derrubaram as Torres Gêmeas. 

Na ultima semana houveram duas chacinas, uma no Rio de Janeiro e outra em Alphen aan de Rijn na Holanda....

O que eu nunca vou consegui entender:
Um cara entra numa escola com uma arma na mão, mata sei lá quantas crianças e professores e depois se mata, deixa uma carta que onde fica bem claro que ele é cristão, mas no final das contas ele é só um doido....

Outro entra num shopping (na Holanda) e faz a mesma coisa, tão dizendo que ele também queria  purificar os impuros (ele tbm era cristão), e no final ele não é considerado nada a mais do que um doido....

Mas um muçulmano entra num restaurante e explode uma bomba lá, matando não só um monte de gente mas a ele próprio, mas nesse caso ele não é considerado um doido, ele é considerado um extremista religioso....

Quando um judeu ou cristão faz uma grande merda (em nome de Deus), nunca é nada mais do que uma grande merda feita por um doido e ninguém nunca liga isso à religião. Mas quando um muçulmano faz uma grande merda, ele vira automaticamente um xiita extremista que fez em nome de Allah e foi a religião que deixou o cara doido e o Alcorão não presta....

Será que não é hora de muda nossos conceitos e ver que as pessoas doidas são doidas independente de religião? Que usar o nome de Deus ou Allah pra fazer merda é algo pessoal e não algo que a religião prega?

Eu não sigo religião nenhuma, não acredito em Deus algum, mas sei que religião não molda personalidade e religião nenhuma pode ser responsável por atos de cidadãos que não tem nada na cabeça e interpretam tudo ao extremo.

Músicas, filmes, video-games, etc não são responsáveis pelo comportamento insano das pessoas, assim como religião também não. É hora de parar de dar rótulos às pessoas por causa de suas crenças e começar a ver que decisões são tomadas baseadas no caráter e na história pessoal de cada um, e não porque o livro tal disse isso ou o filme tal mostrou aquilo. 

Não é porque uma mulher anda toda coberta que ela concorda com um cara entrar num restaurante e explodir todo mundo lá dentro. Aliás, se o filho dela estiver nesse restaurante e morrer com a explosão, a dor dela não será menor do que a dor das mães das crianças da escola no Rio de Janeiro. E assim como as mães dessas crianças não culpam seu Deus pelo atentado de um cristão e vão rezar pra ele pela alma das crianças, a mãe muçulmana também vai pedir a Allah que guarde a alma de seu filho e não vai mudar de religião por causa disso....

Enfim, isso é só um ponto de vista de alguém que mora na Europa a 3 anos e que não se conforma com as injustiças que são feitas aos muçulmanos por causa da irresponsabilidade e loucura de uma pequena minoria. É hora de acordar e perceber que quem faz a loucura é a pessoa e não as coisas ao redor dessa pessoa....

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Bandas que mais marcaram a minha vida - parte 4

Como vcs já devem saber, eu ando dedicando meu tempo com as obras do apê, mudança da Bélgica pra Holanda e burocracia pra conseguir meu visto holandês. Portanto, eu não tenho muitas novidades pra contar e não quero ficar "flodando" esse blog falando somente sobre isso. Por isso hoje eu escolhi falar mais uma vez de uma artista que me influenciou muito quando eu estava formando meu gosto musical lá nos anos 90.

Desde 1995 a MTV se tornou uma importante parte da minha vida (e deixou de ser por volta de 2000 quando eles deixaram de ser a MUSIC Television). Nessa época eu conheci vários artistas que me fizeram mudar meu conceito sobre musica e com a MTV eu pude criar meu próprio gosto musical. Mas isso já foi mais do que dito aqui no blog e eu não quero ficar repetindo tudo que digo. Se quiserem ler mais sobre isso, clique aqui, aqui e/ou aqui.

Enfim, essa pequena introdução sobre meu relacionamento com a MTV na década de 90 é necessário pra falar da artista de hoje. Fiona Apple. Foi lá pro meio de 1996 que eu conheci essa cantora que me fez babar e me apaixonar por ela, sua voz, suas composições, suas letras e sua beleza exótica. Fiona tinha só 16 anos quando gravou seu primeiro álbum Tidal. Um álbum cheio de raiva e melancolia, mas com letras e melodias tão maravilhosas que deixavam qualquer pessoa de queixo caído. O que mais me chamava atenção nela, além de sua musica maravilhosa e sua voz grave e potente, era sua paixão pelo que estava fazendo. Suas performances deixavam qualquer pessoas desorientada com tanta paixão. E eu no inicio da minha adolescência, acabei me tornando fã na primeira vez que eu assisti ao seu primeiro clipe, Shadowboxer:

Logo após do sucesso de Shadowboxer, Fiona mostrou que não era só mais uma adolescente bobinha e apareceu num clipe que deixou público e mídia sem entender direito. Uma beleza exótica seguida pro um corpo extremamente magro, quase anoréxico, num clima de "ressaca depois de festa" que induz que Fiona já não tinha mais nenhum tipo de inocência. A musica era forte e impactante e o clipe não fica pra trás. Criminal é até hoje uma das musicas que mais gosto dela.

Fiona Apple cresceu em Nova Iorque e aos 12 anos, voltando da escola pra casa, foi estuprada pro um grupo de garotos anos mais velhos. Durante a adolescência Fiona sempre foi problemática, tímida e fechada pra novos amigos e novas experiências. Ela passava seus dias trancada no seu quarto tocando piano e escrevendo músicas e segundo ela mesma, sofrendo de um severo distúrbio alimentar  (nunca foi revelo qual). No final de 94 ela enviou algumas demos de algumas musicas pra gravadoras e em 95 ela começou a gravar seu primeiro álbum.

Depois de 2 anos divulgando Tidal e fazendo tournê pelo mundo, Fiona tirou algum tempo de folga pra começar a compor seu segundo álbum. Em 1999 saiu o aclamado When The Pawn...O álbum era um mix de jazz, soul e pop com muita agressividade, raiva, e angústia. Ela manteve as características de seu primeiro álbum, mas é muito nítido seu amadurecimento não só como musicista mas também como pessoa. Musicas como A Mistake e Paper Bag mostram que Fiona não consegue fazer musicas ruins. O single desse álbum é Fast As You Can, um clipe super alternativo mostrando uma Fiona usando roupas casuais, cabelo preso e nenhuma maquiagem.

Novamente Fiona estava em processo de divulgação de um álbum e fazendo tournê mundial com ele. Depois disso ela resolveu dar um tempo na musica e se dedicar a outras coisas na vida. Depois de alguns anos Fiona resolveu gravar seu terceiro álbum mas, infelizmente, a indústria musical passou por várias mudanças desde os anos 90 e Fiona teve problemas com sua gravadora. Eles não queriam aceitar seu álbum porque alegaram que não haviam hits nele. Então, quando Fiona anunciou que não faria um álbum se não pudesse sair exatamente do jeito que ela queria (sem os palpites da gravadora), seus fãs se mobilizaram e criaram o movimento Free Fiona. O movimento consistia em um website, envio de cartas diárias a gravadora, petição assinada pro não sei quantas milhares de pessoas e milhares de maçãs (appels) despejadas na porta da gravadora. Com toda essa mobilização, a gravadora autorizou Fiona a finalizar seu álbum dando-a liberdade de fazer tudo do seu jeito.

Foi assim que em 2005, Fiona lançou o maravilhoso Extraordinary Machine. O álbum mostra Fiona como uma mulher madura, crescida e muito mais segura de si. Fiona se expressa com mais nitidez e menos medo de ser julgada por ser quem é. O primeiro single O'Sailor é talvez uma das melhores musicas de sua carreira e eu, particularmente, acho que é graças a esse álbum que cantoras como Amy Winehouse, Adele, Duffy, etc (todas surgiram depois desse álbum) conseguem seguir nesse estilo musical e ainda ganhar dinheiro e serem famosas.


Apesar de todos os esforços dos fãs e de Fiona, Extraordinary Machine não foi um sucesso de vendas (o que não é de surpreender, pois o mercado pra esse tipo de musica se abriu algum tempo depois) e a gravadora resolveu não investir mais na divulgação do álbum depois do clipe de O'Sailor. Mas isso não foi impedimento pra Fiona e ela decidiu continuar divulgando seu álbum e fazendo clipes com seu próprio dinheiro. Foi assim que surigiu o clipe de It's Not About Love com seu amigo e ator Zach Galifanakis (The Hangover e Due Date). O clipe custou menos de 500 doláres e Fiona mostrou que não é preciso muito dinheiro pra fazer algo legal.  

Desde 2007 (quando acabou a trounê) Fiona está usando seu tempo pra viver sua vida e trabalhar em novas composições. Desde o ano passado estão rolando rumores na internet de que Fiona estaria preparando um novo álbum pra ser lançando no final desse ano. Tomara que seja verdade pois, pros fãs como eu, 6 anos sem nada novo é uma tortura!!

Alguns anos atrás perguntaram pra a ela o porque de suas músicas serem cheias de raiva, tristeza e melancolia e essa foi sua resposta: 
"I only write when I'm angry or sad, so because that's when I just have to write... If I'm having a good time and I'm happy and things are going really well, why would I want to stop what I'm doing to go and write at the piano?" 
"Eu só escrevo quando estou com raiva ou triste, só porque é nessas horas que eu preciso escrever....se eu estou me divertindo e feliz e tudo está indo muito bem, porque eu vou parar o que estou fazendo e sentar no piano e compor?"

Com  essa declaração, eu encerro esse post sobre uma das cantoras que mais mexem comigo até hoje, quase 15 anos depois da primeira vez que a vi na MTV...


Vou deixá-los com uma apresentação ao acústica, pra vcs verem que ela não detona só em estúdio mas é uma das poucas cantoras no mundo que soam melhor ao vivo do que no álbum: