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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Level: Completed. Liberdade pra mim!!!

Hoje eu completei mais uma fase da minha vida, fechei mais um ciclo e estou me sentindo super livre. Em setembro de 2008 eu tive minha primeira aula de holandês (olha como eu ainda era super bobinha nessa época). Fiz um curso super meia boca na Volksuniversiteit em Amsterdam, lá tive todos os níveis básicos do Holandês, do A1 até o A2 (se não sabe o que é isso, leia aqui), foram 9 meses de curso e nesse meio tempo eu me mudei pra Rotterdam, então duas vezes por semana eu tinha que ir até Amsterdam pra terminar o maldito curso. Depois disso eu me mudei pra Bélgica e tive que esperar alguns meses até tirar um visto e poder voltar a estudar. Em setembro de 2010 eu comecei o curso lá (pra quem não sabe, o norte da Bélgica se fala holandês, ou flemish, e o sul fala fancês), lá eu completei o nível B1 e foi lá que eu realmente aprendi a gramática porque o curso era praticamente só gramática. Foi lá também a minha primeira prova oficial com o meu primeiro certificado oficial que era aceito pelo governo (no caso o governo belga, porque na Holanda meu certificado não era considerado oficial). No início de 2011 eu voltei a morar na Holanda e mais uma vez eu tive que esperar meu visto sair até poder voltar pra ultima fase dos meus estudos da língua. E mais uma vez em setembro eu voltei a fazer curso, dessa vez o curso era preparatório pra minha ultima prova da língua, a prova que constatava meu nível B2 (o nível exigido pra entrar pra faculdade), o staatsexamen. 

Como esse curso era preparatório, ele era super direcionado à treinamento e exercícios e pouco era realmente ensinado pois, em teoria, todos os alunos já deveriam ter o nível necessário pra passar e só precisavam aprender a "dinâmica" da prova, tipo um cursinho pré-vestibular no Brasil, só que com somente uma insuportável matéria. Até meados de novembro eu ainda estava gostando do curso, mas chegou uma hora que eu já não aguentava mais! Sem contar que o fato do curso se duas manhãs por semana e isso tava me atrapalhando muito a encontrar um bom emprego (e por isso eu tive que me contentar com a bosta dos correios). O curso iria até o final de maio e eu deveria fazer a prova só em junho, mas sério, se eu tivesse que aguentar mais um mês sequer de curso ou eu mataria todo mundo lá dentro ou eu me mataria. Chega uma hora que vc percebe que não tem absolutamente mais nada pra aprender dentro de uma sala de aula, que daqui pra frente tudo que vc ainda vai aprender da língua vai ser com o dia-a-dia, conversando com as pessoas, assistindo TV, lendo livros, etc. Ainda mais porque a gramática do holandês é tão minúscula. Então em dezembro eu pedi pra poder fazer a prova já no início do ano e depois de ter que provar pra eles que eu estava pronta, eles finalmente marcaram minha prova pro final de fevereiro. E foi isso que eu fiz ontem e hoje, eu fiz minha ultima prova oficial de holandês (porque talvez eu tenha que fazer outras na faculdade, mas essas não contam como oficiais).

A prova consiste de 4 partes, Lezen = Ler, Luisteren = ouvir, Spreken = falar e Schrijven = Escrever. São duas provas por dia, uma de manhã e outra à tarde e todas elas duram por volta de duas horas cada. A verdade é que desde que eu recebi a data das provas em dezembro, eu venho estudando que nem uma louca, passei por volta de 4h por dia 7 dias por semana comendo livro, fazendo exercícios, praticando com exemplos de provas passadas. Tudo isso pra não correr o risco de não passar em alguma das 4 partes (se vc não passar em uma delas, não precisa repetir todas, só a que não passou). Mas se por acaso eu não passar em alguma delas, eu posso repetir lá pra maio e ainda terei tempo de me inscrever na faculdade sem problemas (não posso fazer a inscrição sem o certificado dos exames). A prova foi mais fácil do que eu pensei que seria e isso me assusta mais do que me tranquiliza porque toda vez que eu me sinto muito confiante sobre algo eu sempre acabo me fudendo dando mal. De qualquer maneira, a sensação eu tenho agora, depois de finalmente ter feito a prova, é de liberdade! Eu nem acredito que eu nunca mais vou precisar frequentar um curso de holandês de novo e nem vou precisar mais ficar fazendo exercícios idiotas em livros estúpidos e muito provavelmente eu não vou precisar usar a palavra "estudar" até setembro, quando eu começo a faculdade.

Mas enfim, o resultado sai daqui 5 longas semanas e até lá eu tenho que ocupar meu tempo pra não ficar obcecada com isso. Aliás eu já encontrei um bom jeito de ocupar meu tempo, mas isso é assunto pra outro post. 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Momento desabafo: EU ODEIO MEU EMPREGO!!

Como vocês já devem saber, desde outubro do ano passado eu estou trabalhando para os correios holandeses - TNT Post NL - e de lá pra cá eu passei por poucas e boas nesse emprego. No início eu estava adorando muito meu trabalho, eu trabalhava num horário bom e achava super gostoso trabalhar ao ar livre (o clima estava perfeito até o final de novembro) e o trabalho em si era até gostoso fazer. Eu estava perdendo peso e aprendendo a andar de direito de bicicleta (leia sobre isso aqui) e ainda por cima tinha uma boa oportunidade de treinar meu holandês e a minha "people skills". Tava tudo indo super bem até o dia em que, pela primeira vez na minha vida, o pneu da minha bicicleta furou enquanto eu estava trabalhando e os meus chefes não fizeram absolutamente pra me ajudar. Eu tive que terminar meu trabalho com o pneu furado e ainda tive que pagar o pneu novo com meu próprio dinheiro (que custou 20 euros, o que é praticamente um dia de pagamento meu). Nesse dia aconteceu minha primeira desilusão com meu trabalho. 

Deixa eu contar um pouco sobre as condições de trabalho que o correio nos proporciona aqui na Holanda. Algum tempo atrás eles passaram por uma séria reorganização e muita coisa mudou, pra pior diga-se de passagem. Antes os carteiros podiam trabalhar full time, de uns dois anos pra cá só podem trabalhar part time. Nenhum carteiro pode trabalhar mais do que 15 horas por semana e todos temos que trabalhar aos sábados e somos obrigados a ter a segunda-feira de folga. Até aí tudo bem, não me afeta em nada. O grande problema é como precisamos fazer nosso trabalho. Quando a gente é contratado, nós recebemos uma chave de uma garagem (isso mesmo, uma garagem) onde as bolsas com as cartas são entregues (cada bolsa com ±20K e tem dia que são mais de 5 bolsas). A nossa obrigação é pegar as bolsas com as cartas do nosso bairro, colocá-las na bicicleta (que eu mostrei nesse post), aí a gente pedala até o nosso bairro e entrega as cartas. Depois retornamos à garagem pra buscar as bolsas com as cartas para o segundo bairro (temos um de manhã e um à tarde), só que nesse meio tempo a gente precisa comer alguma coisa e é lá mesmo, nessa garagem que a gente almoça. Nessa garagem não tem eletricidade e nem aquecimento, lá eles colocaram uma pequena mesa de escritório e algumas cadeiras de plástico e é nessas condições que a gente almoça. Seria tudo bem se fosse no verão e/ou se a Holanda fosse um país que chovesse pouco, mas a verdade é que no outono as temperaturas já começam a cair severamente e a chuva e o vento castigam o país. Não é raro que os carteiros fiquem ensopados num frio de 5ºC e ainda temos que sentar naquela garagem gelada pra comermos. E o pior, no frio de -10ºC e a gente não tem nem um lugar aquecido pra gente poder almoçar e retomar as energias pro próximo bairro. E o pior de tudo, não temos em lugar algum um banheiro disponível. Trabalhamos de 11h às 17h e se precisarmos usar o banheiro, temos que tocar a campainha na casa de alguém. 

Fora esses problemas, ainda temos os problemas com o uniforme e a bicicleta. A unica coisa que o correio nos fornece é uma jaqueta e mais nada. A bicicleta que usamos pra trabalhar é nossa e as roupas e calçados também. Nem mesmo boas luvas pra trabalhar durante o inverno eles nos fornecem. Durante esses meses que estou trabalhando pra eles eu já enfrentei todos os tipos de condições climáticas, já tive que trabalhar contra ventos de 100Km/H, já tive que trabalhar em baixo de chuva de granizo, com 10 cm de neve no chão, com tudo congelado e deslizando, num frio de -10ºC e tudo mais. Isso tudo seria muito mais aceitável se eles nos dessem melhores condições trabalhísticas, mas os nossos supervisores não fazem nem uma ligação pra saber se tá tudo bem com vc. E o pior de tudo é que se vc ficar doente um dia, vc só pode faltar trabalho se passar pelo médico da empresa. E para conseguir um dia livre pra fazer uma prova por exemplo, é uma grande burocracia. Ah, e tava esquecendo de comentar, se a gente cai da bike durante o horário de trabalho, não é considerado acidente de trabalho e a empresa não tem nenhuma responsabilidade por isso. Então se vc cai e quebra a perna, por exemplo, o problema é todo seu e se não puder trabalhar por algum tempo vc também não recebe nada da empresa. A verdade é que eu adoro o trabalho, mas odeio as condições em que tenho que trabalhar e realmente não entendo como os carteiros não fazem greve por aqui. Eu lembro que meu primeiro namorado era carteiro aí no Brasil e até protetor solar eles providenciavam para os trabalhadores, eles tinham sapatos especiais e tudo mais e ainda ganham muito mais do que qualquer carteiro ganha aqui. 

Enfim, eu só precisava desabafar um pouco e fazer com que vcs entendam o porque de eu reclamar tanto do meu trabalho nas minhas redes sociais....

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Agora chega!!!

Uns quatro meses atrás um fenômeno aconteceu, um carinha chamado Michel Teló lançou mais uma musiquinha imbecil que seria o próximo hit do verão brasileiro. Até aí nada de novo, tudo normal. Até que uma semana antes do natal eu escutei essa música tocando em uma rádio holandesa. Mas apesar de ter desprezado a música, eu não achei que era nada de mais porque a música tocou no Serious Request (vou explicar sobre esse programa daqui a pouco porque acho válido falar sobre isso), então significa que alguém pagou pra ouvir a música no rádio e provavelmente essa pessoa (ou pessoas) era brasileira. Como eu praticamente quase nunca ouço estações rádio que tocam que tocam os "hits do momento" (só ouço a Veronica que toca música dos anos 80 e 90 e a Arrow que toca os clássicos do rock, também ouço muito a Kiss.fm de São Paulo), eu sempre acabo ficando por fora dos músicas que estão bombando por aí. Por isso não fazia idéia de que "Ai se eu te pego" tinha virado febre mundial. Na verdade eu nunca tinha escutado a música até esse fatídico dia no Serious Request. E foi depois desse dia que a coisa desandou severamente...

Eu e o maridoncio fomos passar o Reveillon na casa de um amigo dele, chegando lá ele vem todo feliz com seu celular pra me mostrar a musica super legal que ele conheceu à pouco. A empolgação dele se devia logicamente ao fato de eu ser brasileira e a música também ser brasileira. Eu ri da cara dele e disse que não era o meu tipo de música e que isso no Brasil é considerado lixo da pior qualidade. Daí ele me explicou que pra ele não interessa o que a letra diz, ele gosta do ritmo e da melodia e só (que apesar dos outros chamarem de sertanejo universitário, pra mim isso sempre será um forró bem porco). Enfim, essa foi só a primeira vez que alguém que me conhece veio me mostrar essa música com a maior empolgação do mundo e eu tive que explicar que isso não é considerado música boa por 98% das pessoas que eu conheço no Brasil. 

No início de janeiro começaram a surgir várias versões dessa música, tem versão em inglês, em francês, em polonês e o caralho à quatro. Mas a pior de todas é a em holandês, porque agora todo mundo aqui acha que a letra é uma tradução literal ao original e agora eles ficam falando que eu traduzi tudo errado de propósito só pra fazer eles pararem de ouvir a música.

Depois disso a febre começou a passar e o povo foi parando de falar sobre isso comigo, até que hoje no meu curso de holandês, uma colega marroquina que estava de férias lá e só voltou pras aulas hoje, veio toda contente me mostrar o maior sucesso nas paradas marroquinas no momento, e adivinha que música ela pôs pra tocar na maior altura no BlackBarry dela? Pois é, eu achei que estava livre disso, mas me enganei. Mas o pior não foi o episódio de hoje no curso e sim o episódio de ontem no trabalho. Depois de ter trabalhado 5 horas seguidas na rua num frio de -8ºC e louca de vontade de ir pra casa ficar quentinha, me vem uma colega de trabalho com um CD virgem na mão:
- Liss, você poderia gravar umas músicas do Michel Teló pra mim? Eu gosto tanto daquela que toca na rádio (porque ninguém aqui consegue pronunciar o nome da música)
- Olha, o problema é que eu não gosto das músicas dele, por isso eu nunca baixei nada e nem pretendo...
- Nossa, você só pode ser louca de não achar a música dele legal, ele é um gênio! E você é muito anti-social de não ter orgulho da cultura do seu país..
E assim ela saiu andando brava comigo e eu tenho a impressão que amanhã ela não me dará nem bom dia. 

Porra, eu adoro um tanto de banda brasileira, agora mesmo se você pegar meu MP3 player vai ter Cazuza, Barão Vermelho, Nenhum de Nós e Pato Fu. E até mesmo estilos que eu não gosto muito como Bossa Nova e MPB ou um samba de raiz, etc eu posso admirar se tiver tocando no lugar que estou, não é esse tipo de música que me irrita. Se um amigo holandês chegasse todo feliz porque descobriu uma música do Chico Buarque eu ficaria toda feliz por ele. Mas sabe o que os holandeses deveriam fazer com a música do Teló e sua versão holandesa? Enfiar lá no meio do * e me deixar em paz! Chega disso!!!! (que por sinal é uma música super legal do Skank hehe)

Agora abrindo parenteses pra falar do projeto Serious Request. Esse projeto começou à 8 anos quando um DJ da rádio 3FM resolveu descobrir como era passar uma semana inteira sem comer pra saber como as pessoas pobres do mundo se sentiam tendo fome o tempo todo. Então ele ficou uma semana só se alimentando de líquidos (absolutamente nada sólido) e filmando tudo que aconteceu com ele. No ano seguinte ele descobriu que as pessoas se interessaram tanto pelo "experimento" dele que começaram a fazer doações pra Cruz Vermelha. Por isso ele resolveu convidar mais alguns DJ's e transformar isso em um tipo de Reality Show. E foi assim que a Casa de Vidro surgiu. Todo ano, uma semana antes do natal, 3DJ's se trancam em uma casa de vidro e ficam uma semana inteira só se alimentando de líquidos. Nesse tempo tudo que acontece na Casa de Vidro é televisionado e também vai ao ar pelo rádio. Vários artistas e celebridades holandesas vão lá dá um apoio pra eles. E durante a semana várias ações são feitas em todo o país para arrecadar doações. E uma das maneira de doar uma grana pedindo uma música pra tocar durante o programa, assim você paga uma quantia de 25 euros por música. Depois de uma semana trancados na casa, eles saem e revelam quanto foi doado. Esse ano (2011) foram mais de 8 milhões de euros e toda essa grana vai pra Cruz Vermelha. É uma iniciativa super legal e eu acho que se todos os países "ricos" fizessem algo parecido, a pobreza acabaria no mundo. Pensa, se um país minúsculo como a Holanda consegue arrecadar 8 milhões em uma semana, imagina países grandes como a Alemanha, França, EUA, etc...seria magnífico!