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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Há quatro anos atrás...

...exatamente nesse dia eu estava aterrizando em Schiphol (se você não sabe o que é, olha no Google). Era tudo tão bonito naquela época, eu andava pela cidade parecendo uma bêbada, cada casinha, cada jardim, cada passarinho. Parecia que eu estava vendo todas essas coisas pela primeira vez na vida. Era tudo tão surreal pra mim. Eu era só uma menina que ainda vivia uma vida de pós-adolescente e de repente estava realizando seu segundo maior sonho na vida, eu estava na Europa!

De lá pra cá tanta coisa mudou, aquela menina cheia de sonhos e esperanças se tornou uma mulher, cheia de responsabilidades e com algumas frustrações. A fase bêbada passou uns seis meses depois que cheguei aqui, a rotina fez o favor de tirar qualquer surrealismo que havia em estar morando por aqui e tudo se tronou real, comum e os defeitos começaram a aparecer. Mas mesmo com os defeitos ali, na cara, berrando pra que eu prestasse atenção, as coisas boas ainda prevalecem. Viver na Europa há muito tempo deixou de ser sonho. O conto de fadas virou realidade há pelo menos três anos. Mas a realidade que tenho hoje é imensamente melhor do que a que tinha quatro anos atrás. 

Aqui eu me sinto livre, posso ser eu mesma o tempo todo e não tenho mais que ficar fingindo que gosto de caos, que gosto de bagunça, que me importo com coisas que não tem sentido e que adoro abraçar desconhecidos. Ao contrário da maioria dos meus conterrâneos que vivem pelas bandas de cá, eu não sinto a menor falta do tal do calor humano pelo simples fato de que eu nunca fui lá muito calorosa. No Brasil eu sempre fui considerada bastante fria e seca, aqui eu sou normal. Não sei exatamente se isso é parte da minha personalidade ou se é a minha timidez influenciando na minha vida social. Nunca fui de ficar enchendo a cabeça dos outros com os meus problemas e nem de ficar chorando mágoas com quem não tem nada a ver com isso, mas sempre tive que aturar esse tipo de comportamento dos outros. Aqui isso não existe, é cada um com seus problemas e eu realmente prefiro assim, é menos hipócrita. Não que o holandês não seja hipócrita nunca, mas a hipocrisia deles tem mais a ver com politica e diplomacia do que com relacionamento pessoais. 

Rotterdam em um dos 300 dias anuais cinzentos e chuvosos
Sinto sim muita falta do sol, mas não do calor. Estou cansada de chuva e de dias cinzas, isso interfere muito no meu humor. Mas o frio me faz feliz, me faz ser eu mesma. No frio eu não tenho neuras com meu corpo e nem com as manchas que tenho nas pernas. Não preciso ficar preocupada com o que os outros pensam de mim. Aliás isso é uma coisa que há alguns anos eu já não sei mais o que é, me preocupar com a opinião alheia. Só mesmo quem é próximo de mim é que me atinge, qualquer outra pessoa está fora de alcance. Mas o verão trás desconforto, me faz refletir mais sobre as decisões que fiz na vida, me faz pensar em desistir de tudo e sumir do mundo. Enfim, como o verão aqui só no máximo dois meses, eu passo grande parte do ano me sentindo bem comigo mesma. Só não consigo ainda evitar a melancolia que dias chuvosos e cinzas me trazem.

Outra coisa que sinto muita falta é da comida brasileira. Cansei de ir ao supermercado aqui e não ter nenhuma inspiração pra cozinhar porque a diversidade é tão pequena. Aprendi a cozinhar aqui e, modéstia à parte, sou super prendada. Sei fazer de pão de queijo à sushi sem o menor problema. Sou péssima em seguir receitas, gosto mesmo é de abrir a geladeira, olhar o que tem dentro e improvisar com isso. O resultado é quase sempre muito bom! Mas por isso, toda vez que eu quero repetir aquele prato magnifico que fiz, ele sempre sai diferente pois sempre é feito na base do improviso. Meu marido é que é ótimo em seguir receitas, ele assiste os programas de culinária e depois põe em prática e fica tudo divino. Tirei a sorte grande!
Saudades da comidinha de Minas...
Sinto um pouco de falta da espontaneidade também. De ligar pra alguém e perguntar o que vai fazer hoje a noite e acabar marcando algo. Aqui é tudo agendado com antecedência e ninguém faz nada assim, do nada. Mesmo que a pessoa não tenha absolutamente nada pra fazer hoje a noite, se não estava programado na cabeça dela que hoje era dia de sair e encontrar os amigos, ela prefere ficar dentro de casa. Confesso que com o passar dos anos eu acabei ficando um pouco assim também. Até uma simples ida ao cinema com o marido acaba tendo que ser planejada com antecedência. E também não existe aquela coisa de saber que a maioria dos seus amigos se encontra normalmente naquele bar ou naquela parte da cidade e você pode simplesmente ir até lá que sempre haverá alguém pra bater um papo e tomar uma cerveja. 

Aqui eu aprendi que família não é necessariamente de sangue. Aprendi também que só existe a possibilidade de viver dignamente se todo mundo do país tiver essa possibilidade, desde os mais ricos até os mais pobres. E pra garantir isso o governo nos faz pagar impostos altíssimos, mas você prefere pagar imposto alto para que as pessoas pobres possam viver uma vida digna e consequentemente você possa viver sem medo ou que essas mesmas pessoas pobres venham te assaltar porque não tem condições de comprar comida ou pagar um aluguel? Foi aqui também que eu descobri o real valor do dinheiro e o realmente significa ter que fazer escolhas sérias de como o dinheiro ganho será gasto. Descobri também o significado da palavra discriminação. Descobrir o que é nunca realmente pertencer ao local que mora, por mais que você se esforce. Descobri que por ser estrangeira, eu nunca vou ser "boa o suficiente" aos olhos dos nativos. Ainda bem que sou branca, não religiosa e venho de um país que todos gostam, porque se eu já sofro tanta discriminação nessas condições, imagina uma pessoa que veio do Afeganistão, por exemplo. 

Mas foi aqui também que eu descobri o que é amar alguém mais do que qualquer coisa nesse mundo, o que é não conseguir imaginar a vida sem essa pessoa. Sim, logo eu. A pessoa mais anti-romance que eu já conheci é a mesma pessoa que passou por poucas e boas para ficar ao lado de quem ama.

Mas mesmo com todos os problemas, morar aqui me faz feliz. Como eu já disse, pela primeira vez na vida eu descobri que posso ser eu mesma, sem máscaras e sem hipocrisia. E o melhor de tudo é poder conhecer outros países gastando pouco (coisa que ainda não aconteceu o tanto que eu gostaria, mas a partir do ano que vem isso vai mudar) e poder ir ao shows e festivais que eu nunca teria chance de ir se ainda estivesse morando em BH. Enfim, eu saí do Brasil uma menina e virei uma mulher aqui. Aprendia a selecionar o que me afeta e a parar de sofrer por antecipação. Sou super feliz, porém a melancolia será sempre uma parte de mim. Deal with it!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Noites de insônia...

Vira e mexe eu tenho uma noite em que dormir parece uma missão impossível. Pois é, essa é uma dessas noites. Antes eu faltava enlouquecer porque eu não queria acender o abajur pra ler senão eu acordaria o marido e nem rolava de ligar o laptop no quarto porque o seu sutil barulho e helicóptero teria o mesmo efeito. Então o jeito era ou ficar rolando na cama por horas e horas deixando todas as minhocas trabalharem na minha cabeça me fazendo pensar um monte de merda ou levantar da cama quentinha e ir pra sala fria pra conseguir ou ler ou usar o computador. Bom, desde o final de fevereiro isso tudo mudou! Agora eu tenho um lindo telefone que tem acesso à internet. Por ele eu posso ficar batendo papo com o povo, fuçando no facebook/twitter/9gag e outras inutilidades, escrever no blog e ler o blog de outras pessoas e, com a ajuda de um fone de ouvido, ficar assistindo um monte de videos no youtube sem que o marido nem ao menos perceba que eu estou acordada. 

Foi numa dessas noites de insônia, assistindo à um vídeo sobre o real sentido da palavra feminismo (sim, eu sou super feminista, mas não no sentindo clichê da palavra e sim no sentido em que as mulheres só serão livres de verdade quando sairmos do nosso posto de simbolo sexual que a sociedade nos impõe, não que eu já tenha conseguido me libertar desses conceitos, mas eu tento - mas isso eu explico em outro post) e passando de vídeo em vídeo eu acabei descobrindo um programa no qual eu ando super viciada. Toda hora que eu tenho um tempinho livre eu corro no youtube pra assistir esse programa. O programa se chama The Atheist Experience e é formado por uma ong em Austin, Texas que visa acabar com o preconceito contra os ateus e separar religião e estado. Vamos lembrar aqui que os EUA tem uma maioria esmagantatoria (essa palavra existe?) de 80% de cristãos que tentam forçar leis de acordo com as suas crenças e obrigar os outros 20% da população à viver de acordo com isso, tipo a Europa durante a Idade Média, sabe? Eu sempre acabo assistindo alguns vídeos feitos por ateus, mas na maioria das vezes eu não concordo com eles e os acho muito extremistas. Mas esse grupo conseguiu finalmente ter o mesmo ponto de vista que eu. O propósito do show é informar sobre o que realmente é ateísmo e tentar quebrar o preconceito que existe sobre isso. Durante o programa eles recebem ligações tanto de teístas quanto de ateus e eles discutem sobre questões cruciais. Lógico que quando os fanáticos religiosos ligam as conversas nem sempre acabam bem, mas na maioria dos casos eles conseguem, no minimo, mostrar que ateus são pessoas comuns. O propósito do show não é "converter" ninguém ao ateísmo. 

Bom, não é segredo pra ninguém que eu sou ateia. Não, eu não sou agnóstica como algumas pessoas tentam me definir, eu não tenho duvidas se Deus existe ou não, eu não acredito em Deus e pronto. Mas veja bem, eu também não tenho a pretensão de afirmar que Deus certamente não existe pelo simples fato de que eu não posso provar que ele não existe, assim como ninguém até hoje conseguiu provar de fato que ele existe. Só que de acordo com as definições que eu já ouvi sobre qualquer tipo de Deus, pra mim nunca foi possível acreditar nele, assim como nunca foi possível acreditar que a Terra Média ou Hogwarts existe, infelizmente. E a verdade é que eu nunca acreditei, desde criança toda a ideia de Deus e Jesus e etc sempre foi só mais um conto de fadas, tem umas coisas lindas nesse conto de fadas, mas também tem umas coisas horripilantes principalmente se você ler o Velho Testamento. Mas enfim, eu nunca acreditei mas eu também nunca tentei convencer ninguém que Deus não existe. A minha falta de crença nele é uma coisa particular e não cabe a mim tentar te convencer que o meu ponto de vista que é o certo. Infelizmente eu tenho consciência que essa não é a postura tomada por todos os ateus. Assim como existem religiosos fanáticos que tocam sua campainha as 8 da manhã em pleno domingo pra pregar a "palavra do senhor", existem ateus imbecis que vão tentar te convencer de que quem acredita em Deus é estupido e inferior. Eu não penso assim.

A minha maior luta como ateia é contra o preconceito com quem não acredita em nenhum tipo de Deus, ou em vida após a morte, ou em espíritos, ou em qualquer coisa supernatural. Quando vc fala abertamente que não acredita em Deus automaticamente as pessoas (claro que não todas, mas a grande maioria) começam a te enxergar como alguém que não tem nenhum tipo de moral ou escrúpulos, alguém que pratica o mal, alguém que adora Lúcifer (como se alguém que não acredita em nada supernatural pudesse acreditar na existência dele). A grande maioria dos cristãos e outros religiosos nos ameaçam com a tortura eterna da nossa alma no inferno, outros dizem que irão rezar pras nossas almas serem salvas. Mas o pior são as que ameaçam de verdade, dizem que se encontrarem um ateu irão encher de porrada, matar tanto o ateu quanto a família dele e por aí vai. Quanto amor cristão, não é mesmo? Eu cresci meio que tendo que esconder o fato de ser ateia enquanto os cristãos são completamente livres pra encher meu mural do Facebook (e do orkut há alguns anos atrás) com mensagens de Deus e Jesus. Não felizes com isso, eles me mandam correntes de e-mail com mensagens de amor recheadas das palavras Deus, Jesus, santo disso e daquilo, anjos, etc. Aliás, foi no maldito email que isso tudo começou, lá no final dos anos 90. Agora que já estou com meus 20 e muitos anos eu cansei de me reprimir e resolvi lutar pelo meu direito de não acreditar! 

É lógico que eu sei que pra maioria das pessoas que acreditam em Deus, pouco importa pra elas o que eu acredito ou deixo de acreditar, essas pessoas mantêm bons relacionamento comigo e eu com elas, pois pra mim pouco importa também a crença delas. O problema é quando pessoas tentam interferir nas nossas vidas por causa da crença delas. O maior exemplo disso é a questão do casamento gay. Essa lei só não foi aprovada até hoje em países como o Brasil e os EUA por causa dos religiosos que estão no poder. Agora me diz, em que os gays irão interferir na sua fé ao poderem se casar legalmente? Se a sua igreja é contra, ótimo, não case gays lá dentro. Mas o casamento civil não tem nada a ver com isso, afinal todos os gays pagam impostos não é verdade? Portanto eles tem o direito de se casar civilmente com quem eles quiserem, ora bolas. O pior de tudo é a grande hipocrisia religiosa, afinal quantos cristãos você conhece pessoalmente que já se divorciaram? Agora pense em quantos desses milhares de cristãos que já se divorciaram são contra o casamento gay. Quer dizer que só é pra seguir os mandamentos da Bíblia que são convenientes? O cristianismo é tão vago que nem eles mesmo conseguem concordar entre si. Pegue o exemplo da Irlanda que por décadas a fio era católico matando protestante e vice-versa. Mais uma vez é o amor e tolerância que Cristo ensina colocado em prática, ê laia.

Bom, eu vou parar por aqui antes que eu ofenda alguém, afinal o meu propósito nunca foi esse. Eu sei que a maioria das pessoas que leem esse blog irão concordar com meus argumentos mesmo acreditando em algum Deus. Afinal, todos nós conhecemos aquele crente (e quando eu digo crente eu não estou me referindo só aos evangélicos) maluco que teria coragem de matar "em nome de Deus", não é mesmo? O propósito desse post é dizer que ateus merecem respeito, somos pessoas de bem que praticamos o bem e quando fazemos merda tentamos consertá-las. E o mais importante, fé é pessoal e intransferível e deveria ficar somente dentro da sua casa ou da sua igreja e não no congresso e muito menos na lei. Ninguém é obrigado a concordar com a sua definição do que seria a tal da palavra do Senhor! Afinal, cada uma das milhares de vertentes do cristianismo tem uma definição diferente. E morando na Europa a gente ainda tem que lidar com a versão muçulmana e com a versão judaica. Fora o tanto de Hindu que mora por aqui também. Não é possível que todas essas versões estejam certas, mas é sim possível que todas estejam erradas, assim como é possível que eu esteja errada. A unica coisa certa é que estado e religião não devem andar juntos, nunca! E outra coisa importante RELIGIÃO NÃO DEFINE CARÁTER! E nem a falta dela. Existem ateus bons e existem religiosos maus e vice-versa. 

Pra finalizar e poder finalmente tentar ir dormir, eu vou deixar vocês com um pedacinho do programa. Nessa parte eles meio que resumem tudo que eu disse aqui. Infelizmente não existem vídeos do programa com legendas em português, mas eu acho que o inglês deles é bem simples de entender...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Olhando através do prisma...

Nesse post aqui eu escrevi um pouco sobre o tanto de zica que acontece na minha vida. Depois de ler os comentários que ele atraiu eu resolvi dar uma reavaliada nos meus conceitos e parar de prestar atenção só no que não dá certo. Na verdade isso aconteceu porque vários equipamentos aqui em casa resolveram pifar de uma vez só. Primeiro foi a cafeteira que queimou, duas semanas depois o microondas simplesmente  parou de dar qualquer sinal de vida e semana passada o laptop resolveu morrer também. Quanto a cafeteira eu pouco me importo pois quase não tomo café, mas o senhor meu marido não vive sem alimentar o vício dele. Já o microondas é elemento crucial na minha cozinha, pois ele é um daqueles que são combo com forno de ar quente, vaporizador para vegetais e grill. Não há um dia sequer que eu não use o bendito. E o laptop nem se fala, pra mim, viver sem computador é o mesmo que viver sem um braço ou uma perna (e não, eu não estou exagerando). Tanto a cafeteira quanto o microondas foram presentes de casamento, o que significa que não têm nem 2 anos anos de uso, e isso aumenta ainda mais a frustração de quando eles quebram pois são relativamente novos. Bom, apesar da zica disso tudo ter quebrado praticamente de uma vez só, ainda estava tudo na garantia! Por isso eu comecei a tentar enxergar até as merdas que acontecem com outros olhos. A cafeteria foi consertada em 10 dias e ficou novinha em folha e o microondas foi arrumado em 48h e está funcionando lindamente. E o melhor, não precisamos pagar nenhum centavo pra isso (só a gasolina pra levar pro conserto). Já o laptop ainda está lá consertando e nós estamos usando um emprestado da sogra. Ainda bem que compramos um seguro pro nosso laptop porque a garantia já tinha acabo há 1 ano, mas o seguro ainda vale até outubro. Agora é torcer pra que eles consigam salvar tudo que estava no HD! 

A verdade é que todos nós (pessoas com acesso à internet no conforto do nosso lar) somos super sortudos e não nos damos conta. Só o fato de a gente ter um computador, televisão, celular, a geladeira cheia de comida, cama confortável e chuveiro quente já é algo que deveríamos agradecer todos os dias de nossas vidas. Outra coisa que normalmente esquecemos de olhar pro lado da sorte é de termos nascido com duas pernas, dois braços, olhos que enxergam, ouvidos que escutam, boca que fala. E podemos até não ser nenhuma super modelo, mas não nascemos com nenhuma deformação no rosto e nem no corpo e isso é algo que podemos considerar sorte. Todos nós (novamente, pessoas com acesso à internet no conforto do nosso lar) tivemos chances de frequentar a escola, de passear, de ter hobbies, de escolher nossos amigos e namorados/maridos. Nascemos em um país livre onde podemos escolher nossa religião (mesmo que algumas - ou a falta dela - ainda sofram preconceito e outras ainda prevaleçam, não existe nenhuma lei que nos obriga a seguir determinada crença), podemos escolher em quem vamos votar, podemos escolher que curso vamos seguir da vida. 

Agora falando mais de mim particularmente, eu me considero extremamente sortuda pois eu tive a coragem de seguir meu sonho e apesar de toda a zica que eu enfrentei, tudo acabou dando certo pra mim. Mesmo com o tanto de experiências ruins que eu tive, nada de horrível nunca aconteceu comigo por aqui (tipo alguns casos que ouço que meninas vem pra cá cheias de esperanças e acabam virando prostitutas e afins) e todas as experiências ruins foram igualmente compensadas por experiências boas.

Eu fico o tempo todo batendo na tecla das "conquistas" e da realização dos meus planos pro futuro e esqueço de ver o quanto a vida já me deu de presente. Por exemplo, eu nunca procurei o amor, conhecer um cara legal e me casar nunca foi sonho meu e muito menos objetivo de vida. Já estive super apaixonada no passado mas assim que as coisas começavam a ficar muito sérias eu pulava fora de pavor de "criar raízes". Por isso eu nunca consegui considerar meu casamento como uma "conquista",  e na verdade não é! O que é de fato é pura sorte, isso sim. Eu encontrei um cara legal (assim como já encontrei no passado), só que dessa vez eu o conheci na época certa da minha vida, numa época em que eu estava crescendo e amadurecendo e já não tinha mais medo de compromisso e nem de criar raízes. Eu nunca acreditei em alma gêmea e muito menos que só existe uma pessoa certa pra você no mundo todo, e continuo não acreditando nisso. Mas hoje em dia eu acredito que apesar de haver mais de uma pessoa no mundo pra você, o que faz a diferença é a época da sua vida em que você vai conhecer a pessoa perfeita. Na verdade você já pode ter conhecido outras pessoas perfeitas em outros momentos da sua vida, mas o momento não era certo pra dar valor à isso. Então quando junta o momento certo com a pessoa certa é aí que você sabe que vai durar pra sempre ou não.  E isso depende unica e exclusivamente de sorte e mais nada. 

Enfim, chega de ficar filosofando aqui. A verdade é que as vezes eu fico puta da vida e preciso desabafar e meu blog é a minha ferramenta pra isso, mas tem hora que fica parecendo que eu só vejo o lado negativo da vida e isso não é verdade, eu sou feliz mesmo com os problemas, com as más decisões, com as merdas que a vida trás. Eu sei sim admirar as coisas boas que acontecem comigo, mas a verdade é que quando eu tô feliz eu vou curtir a vida e acabo vindo aqui só quando eu to mal (ou quando tenho algum acontecimento importante pra compartilhar) e acaba parecendo que eu to sempre mal. 

Pra terminar eu vou citar uma das minhas cantoras preferidas - Fiona Apple - que disse algo sobre suas músicas que se encaixa perfeitamente no que descrevi no parágrafo anterior, talvez assim vocês entenderão melhor meus devaneios...

"I only write when I'm angry or sad because that's when I just have to write. If I'm having a good time and I'm happy and things are going really well why would I want to stop what I'm doing to go and write at the piano? "

Tradução:
"Eu só escrevo quando estou brava ou triste porque é nessa hora que  eu realmente necessito escrever. Se eu estou me divertindo e tudo está indo super bem, porque eu iria parar o que estou fazendo e sentar num piano pra escrever?"