O post de hoje é meio sério, vou falar sobre a Segunda Guerra Mundial. Não vou falar em termos históricos pois isso vocês ou já sabem ou podem ir pesquisar em meios bem mais confiáveis que eu. Vou falar de uma experiência que tive semana passada e como isso mexeu comigo. Então, se você for sensível ao assunto ou não tem interesse nisso, talvez esse post não seja ideal.
Como eu contei no ultimo post, semana passada fui passar uns dias no sul da Bélgica. Levamos os gatinhos e tudo mais. Foi muito legal e muito lindo, o próximo post será sobre isso. Fizemos muitas coisas lá e a maioria envolvia história de alguma forma. Visitamos uma gruta (que eu considero história do planeta Terra), passeamos por castelos e fortes (que são a história de alguns séculos atrás da humanidade) e visitamos o Museu da Guerra (War Museum) na cidade de Bastogne (ou Bastenaken pros que falam holandês). Esse foi de longe o passeio que mais me deixou impressionada. Nesses 6 anos morando na Holanda eu já fui à vários museus, tanto aqui quanto em outros países. Inclusive já fui à museus baseados em guerras. Já até escrevi o museu de Ieper (também na Bélgica) que é sobre a Primeira Guerra Mundial. A experiência de Ieper foi super intensa, mas nada se compara à experiencia que tive em Bastogne.
Eu sempre fui muito sensível à questões sobre a Segunda Guerra, tanto que não consigo assistir filmes sobre o assunto, até hoje não assisti "A Lista de Schindler" pra se ter uma ideia. Toda guerra é uma merda e é sempre horrível de se ver. Mas a Segunda Guerra foi mais monstruosa do que qualquer outra. Não só pela destruição e mortes que causou, mas pelo fato de ter sido uma guerra com um alvo humano. Não era só por causa de territórios e poder, era pra dizimar qualquer pessoa que não se encontrava dentro dos padrões impostos pelos Nazistas. Tipo, quando eu vejo documentários só sobre a destruição da guerra eu não fico tão sensibilizada, mas quando eu vejo o quanto que essa guerra afetou a vida das pessoas, eu fico derrotada.
E é bem nesse aspecto que o museu de Bastogne toca, no lado humano da guerra, nas dificuldades e problemas que as pessoas passaram, mesmo as não judias. O museu conta a história de 4 pessoas: uma professora de Bastogne, um menino de 13 anos também de Bastogne, um soldado americano e um soldado alemão. A gente recebe um fone de ouvido e durante o passeio inteiro ouvimos histórias de acordo com o ponto de vista de cada um deles. O sul da Bélgica ainda estava se recuperando dos estragos feitos durante a Primeria Guerra e poucos anos depois virou alvo dos nazistas e mais uma vez foi tudo bombardeado e destruído. Por isso a cidade de Bastogne é tão importante nessa parte da história da humanidade. O museu é direcionado somente à Segunda Guerra, eles começam contando a situação que a Europa e o mundo foi deixado depois da Primeira Guerra, lembrando que tudo é contado do ponto de vista dos personagens e também por documentos, fotos e vídeos. Com o passar do passeio a história vai se direcionando pra o que aconteceu na Bélgica e mais precisamente na região de Bastogne. Tem salas que mostram vídeos em forma de cinema ou de peça de teatro. Chega um ponto em que os 4 personagens se encontram e passam 15 dias em um porão de uma loja pra se esconder dos bombardeamentos. E depois eles contam como as pessoas lidaram com a destruição pobreza deixada pelo final da guerra. No final descobrimos que esses personagens são reais e um deles ainda está vivo.
Eu confesso que chorei algumas vezes, principalmente quando eles mostraram como as pessoas lidaram com o final da guerra, porque normalmente a gente só vê como os governos lidaram mas nunca como as pessoas lidaram. Os documentários só falam sobre a guerra de uma maneira física (o estrago que causou ao patrimônio publico) e sobre a experiência dos judeus (o que é sempre extremamente triste pra mim, mesmo eu não sendo judia). Mas eu nunca vi documentários sobre as experiências dos cidadãos não judeus. É tudo muito triste, pessoas que passaram mais de um mês sem comer, sem ver a luz do dia, fazendo suas necessidades fisiológicas nas próprias roupas, tudo pra se proteger de bombardeamento em suas cidades. Essas pessoas que tinham horário pra ir pra casa e muitos foram forçados à trabalhar nas megas construções dos nazistas.
Foi tudo muito horrível e nenhum ser humano deveria jamais passar por uma experiencia dessas. Acho que é o maior medo que tenho na vida, passar por uma guerra. Agora ta a Russia lá fazendo merda com a Ucrânia e isso me assusta extremamente. Eu juro que se essa coisa deixar de ser farofa soviética e passar a ser uma coisa européia, eu junto minhas coisas, meus gatos e meu marido e volto pro Brasil sem pensar duas vezes. Eu acho que guerra é o pior terror no mundo, mas precisamos manter a lembrança viva pra evitar que uma atrocidade tão grande quanto a Segunda Guerra aconteça novamente.
Desculpe se o post foi muito sombrio, mas nem tudo é lindo nesse mundo. O lado bom é que todo ano no dia 5 de maio acontecem várias festas na Holanda pra celebrar a liberdade e todo mundo se sente feliz novamente. Se algum dia você for passear pela Bélgica, eu recomendo ir à qualquer museu de guerra porque esse povo sabe muito como fazer um. Alguém já foi à um? Alguém mais se sente tão miserável vendo o quanto guerras afetam a vida das pessoas? Me conte alguma experiencia que te fez chorar ou que, ao contrário, te fez sentir mais esperança pela humanidade. E não se preocupe porque semana que vem eu volto com a parte legal das férias :D
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