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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Metal é o meu barato....

O tempo passa, a gente cresce, amadurece, evolui, muda de opiniões, fica mais complexo e menos bobo pro mundo. Com isso nosso gosto musical também muda. Quebramos barreiras e preconceitos e aprendemos que musica boa é aquilo que nos agrada e não nos preocupamos mais se aquele "carinha super gatiz" vai te achar ridícula por gostar de banda X ou Y.

Meu gosto musical começou a ser formado bem cedo. Enquanto meus amigos ouviam Sandy e Junior, Trem da Alegria, Balão Mágico e outras coisas pra crianças (que eu também gostava, não nego), eu já era completamente apaixonada por artistas como Michael Jackson e Madonna. Naquela época (final dos anos 80, início dos 90) não existia uma definição clara entre os estilos musicais. Existia o "pop dançante," o "pop rock "e o "rock pesado". E nessa época eu gostava de todos esses estilos, afinal eu era criança e como toda criança, eu era movida por sensações e sentimentos, então eu gostava das musicas que me provocavam sensações e sentimentos que me agradavam.

Na minha casa as coisas sempre foram super diversificadas, minha mãe sempre foi puxada pro lado da MPB, meu pai sempre curtiu um rock clássico dos anos 60 e 70 e minha irmã mais velha era mais pro lado pop e dance da época. Foi então que em 93 ou 94, não lembro bem, meu cunhado entrou na história. Com brinco na orelha (na época ainda se falava brinco, ninguém falava piercing), calça jeans rasgada e camisa de banda. Sim, ele era o que a gente chamava de "metaleiro" e eu sempre achei ele foda! Era o irmão que eu sempre quis ter. Mas nessa época ser metaleiro não era algo definido, se escutava as músicas que caiam na definição "rock pesado" sem diferenciar se era hard rock, thrash metal, heavy metal ou grunge. Era tudo pesado, era tudo sujo, era tudo contraditório. 

Graças a ele eu conheci um monte de banda boa como Pearl Jam, Iron Maiden, Metallica, Guns'n'Roses (apesar dessa ser uma banda que eu não consigo levar a serio haha) e várias outras que até hoje estão entre as minhas preferidas ever! Em 1995 minha irmã se casou com ele (e estão juntos até hoje com dois filhos lindos) e no mesmo ano minha mãe colocou TV à cabo lá em casa. Na TV à cabo tinha um canal fodástico chamado MTV e nessa época o "rock pesado" dominava as paradas seguido pelo "pop rock" e somente um pouquinho do "pop dançante". Graças à MTV eu conheci melhor as bandas que tinha descoberto através do meu cunhado e descobri mais inúmeras bandas que mudaram meu conceito de "música boa". Os VJ's da MTV nessa época eram um caso aparte. Eu era louca por vários deles. Não perdia um Fúria com o Gastão Moreira, não perdia o Disk com a Sabrina Parlatore e a Soninha Francine era a minha preferida de todos!
 
Todos os programas eram bons, era música pelo menos 20 horas por dia e o resto eram desenhos nada bonitinhos como South Park e Beavis and Butthead. Tinha o Feijão, programa de musica alternativa. O Clássicos MTV com a "enciclopédia do rock" Fabio Massari. O Hits MTV com o Gastão Moreira que tocava o "novo rock" como Smashing Pumpkins e Garbage. Tinha também o Pé da Letra com as traduções das músicas (lembrando que Google nessa época ainda estava longe de existir). Enfim, tinha programas pra todos os públicos e gostos musicais. Eu amava a MTV e passava todo o meu tempo livre assistindo ao canal. 

Por volta de 98/99 as boy bands e hot chicks dominaram as paradas junto com a música brega brasileira, de lá pra cá foi só declínio e a MTV perdeu toda a sua essência, dizem que nem clipes passa mais, não sei, não vejo MTV desde 2000 e aqui na Holanda só passa os fake reality shows comprados da MTV USA, um lixo!

Enfim, meu gosto musical era livre e sem preconceitos. Se eu gostasse da musica ou do artista eu não tinha vergonha de dizer. Eu era uma pessoa que tinha na minha coleção de fitas K7 e discos de vinyl (sim, isso mesmo, cds só em ocasiões especiais porque eram caros e MP3 ainda não existiam) bandas como Metallica e Slayer e também Hanson e Ace of Base. Pra mim não tinha nada de mais gostar de metal e pop, era algo normal. 

Até que em 2000 eu entrei pro ensino médio e lá as definições sobre estilos musicais começaram a ficar mais claras pra mim. No colégio a turma skatistas juntava num canto, a turma do hip hip no outro canto, os grunges estavam se extinguindo e a turma do metal se unia. Como eu não gostava de hip hop e de musica de skatista, eu acabei me juntando com a turma que gostava de metal. Mas pra fazer parte dessa turma eu paguei um preço não muito barato. Eu tive que me "reinventar". Primeiro paço foi começar a andar só de preto, cinza, vermelho ou roxo. Nenhuma cor além dessas era permitida. Segundo passo foi começar a só ouvir músicas com a definição "metal". Significava que tudo que eu gostava musicalmente que não se definia como metal, eu teria que parar de gostar.  Nem o hard rock era aceito. Tinha que ser metal, thrash metal, heavy metal, doom metal, death metal, black metal, symphonic metal, gothic metal, etc. A única coisa que era aceitável além do metal era a música erudita, porque se você gostasse de musica clássica, seria considerado super inteligente e cool.  Nessa época, eu tive que esconder meus cds, fitas e vinyl's das coisas que eu gostava e que não eram metal. Ficava tudo escondido no maleiro do meu armário. Ai de mim se algum dos meus "amigos" vissem que eu tinha um cd dos Hanson. Era a morte pra mim!

Mas o segundo grau passou, minha adolescência acabou e eu percebi o quanto é estúpido mudar sua personalidade e seu jeito de ser pra ser aceito por pessoas que no fundo você nem liga. Com os anos eu descobri que amizade de verdade te aceita exatamente do jeito que você é, sem se importar com o tipo de musica que você ouve ou as roupas que você usa. 

Nos últimos anos eu tenho retornado às minhas raízes musicais. Coisas que me faziam vibrar antes de eu começar a me importar com o que os outros pensavam de mim. E comecei a me permitir gostar  de várias coisas novas também. Não quero ser do tipo de pessoa que só gosta de musicas "do meu tempo" sendo que tem tanta coisa boa aparecendo por aí. 

Mas mesmo com essa volta às minhas raízes, eu percebo que apesar de tudo é o metal que mais mexe comigo, que mais me faz vibrar e é ao metal que eu dedico a maior parte do meu tempo. Acho que está no meu sangue gostar de metal. Shows de metal são sempre os que entram no top da minha lista de melhores shows que já assisti. Amo o metal mais do que qualquer outro estilo musical e acho legal que hoje eu consiga admitir isso por mim mesma e não por pressão de pessoas do meu grupo social. 

Houve uma época (na minha transição pra deixar de ser gótica) em que eu até tinha vergonha de admitir que gostava de metal, não queria que as pessoas pensassem que eu ainda era aquela adolescente revoltadinha. Mas hoje em dia, quase 10 anos após o fim da adolescência, eu posso afirmar sem medo que no meu MP3 Player tem Mika, Hanson, Ace of Base e coisas do tipo, mas também tem Slayer, Dio, Metallica, After Forever e vários outros. Metal é o estilo que eu mais gosto, mas não é o único estilo que gosto. E sou feliz por ter me libertado dos preconceitos e medos. Música é a minha vida e a minha maior paixão! E eu não tenho mais medo de ser quem eu sou...

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