Tem alguns leitores desse blog me pedindo para eu escrever mais sobre coisas do meu dia-a-dia, como é viver na Holanda, o que eu tenho feito da vida, etc. Bom, eu não criei esse blog para ficar falando quando eu vou fazer o jantar, ou lavar roupas, ou limpar a casa e coisas do tipo. Pois essas atividades tomam uma boa porcentagem do meu cotidiano. É, por incrível que pareça, eu me tornei uma dona de casa e por mais de um ano essa foi a minha única atividade na vida. Hoje em dia eu tenho algumas outras atividades para dividir o meu tempo, mas nenhuma dela é emocionante o suficiente para ficar criando posts e mais posts sobre elas.
A verdade é que depois de alguns anos morando em um país, a vida se torna normal, a rotina acaba tomando conta e nada parece tão interessante mais. O legal são as coisas que fazemos para tentar quebrar a rotina. Mas o meu dia-a-dia é bem parecido com o de qualquer pessoa que se casou antes dos 30, que estuda e trabalha (ou está procurando trabalho, como eu) e que além de tudo, tem que fazer os serviços domésticos. Afinal, a não ser que você tenha uma empregada (coisa praticamente impossível na Holanda), você vai acabar tendo que fazer os serviços domésticos mesmo trabalhando e estudando. E mesmo se seu marido for um fofo, lindo e dividir as tarefas com você, sempre acaba sobrando mais para nós, mulheres. Isso sem mencionar quando as mulheres tem filhos. Mas como esse não é o meu caso, eu não vou entrar nesse assunto.
Enfim, apesar da rotina chata e do dia-a-dia super normal, alguns acontecimentos legais (e outros nem tanto) acabam passando batidos e por isso eu resolvi fazer um resumo deles desde que voltei de viagem a dois meses atrás. Afinal, só mesmo fazendo um resumão de tempos em tempos para eu conseguir encher um post inteiro com fatos e não com histórias haha.
Como vocês já sabem (devido aos seis post sobre o assunto), a gente passou nossas primeiras férias de verdade na Grécia. Voltamos de lá no dia 10 de agosto. No dia 17 de agosto começaram minhas aulas preparatórias para o Staatsexamen (um teste de proficiência da língua holandesa, bem parecido com o TOEFL para o inglês). O curso é bem legal, meus colegas de classe são super divertidos e atenciosos e eu tenho certeza que pelo menos duas delas se tornarão minhas amigas depois do curso. O problema é que eu sinto que estou aprendendo mais do mesmo. Eu sinto que já sei tudo que eles estão ensinando por lá. Na verdade o curso é para quem já tem um nível de holandês bem avançando. Todo mundo lá já tem o nível necessário para fazer uma universidade. Alguns tem alguma dificuldade em falar a língua, mas entende e escreve muito bem, outros tem dificuldade com a leitura, mas fala e entende super bem. Eu, como se era de esperar, tenho dificuldade com a escrita, mas falo, entendo e leio super bem. Então esse é realmente o objetivo do curso, trabalhar no seus pontos fracos. A gente praticamente não aprende nada novo (porque teoricamente todo mundo lá já deveria saber a gramática de cabo a rabo). Por isso acaba sendo um pouco entendiante para mim, no sentido de não ter nada me desafiando. Mas como o objetivo desse teste é eu poder entrar para uma faculdade, eu continuo firme e forte e estudando mais do que deveria, já estou na metade do livro enquanto a turma está começando o capitulo 3.
Outra coisa que retornou no final de agosto foram minhas aulas de canto. Minha professora se mudou para o norte do país então agora eu tenho aulas com outra professora. Essa professora é bem mais experiente e tá sabendo me ajudar direitinho com meus problemas (que eu conto nesse post aqui), sem contar que ela tá querendo me incentivar a voltar a escrever minhas próprias músicas, e assim, depois de quase 4 anos eu voltei a sentar atrás de um piano para compor. Estou adorando! Isso sim é um desafio gostoso para mim, além de ter que lidar com novas técnicas de canto, agora eu tenho que voltar a compor e isso me agrada muito.
Nesse meio tempo, com tanta coisa na fila esperando para acontecer, eu entrei de cabeça na busca por um emprego de verdade. No início eu estava meio tímida, tentando ser caixa de supermercado, trabalhar em lojas, etc. Depois eu abri a busca também para telemarketings e call centers. Hoje em dia, depois de ter escutado um tanto de NÃO, eu resolvi tentar até a voltar a fazer faxina. Essa busca por empregos está acabando com minha auto-estima. Na Holanda, os lugares pagam por hora e o seu piso salarial varia de acordo com sua idade e função. Então se um supermercado quer contratar alguém para ficar no caixa, ele vai preferir pegar um menino de 18 anos, pois assim ele pode pagar 6,50 por hora enquanto alguém com mais de 25 anos exercendo a mesma função tem que receber no mínimo 8,50 por hora. Isso faz toda diferença na hora da avaliação dos currículos. Nos call centers e afins eu não tenho experiência alguma e essa palavra é a mais usada quando eu recebo um sonoro NÃO deles. Como recepcionista/secretária, no BR eu sempre tinha uma grande vantagem, eu falava 3 línguas e domino super bem todos os programas do Office. Mas aqui todo mundo fala pelo menos 3 línguas (tudo bem que agora eu falo 4) e todo mundo domina bem o Office. Então a minha vantagem foi para as cucuias e eu acabo recebendo um NÃO mesmo tendo experiência no ramo. Ou eles escolheram alguém com um curso na área financeira, ou eles não aceitam experiência de outros países. Mas o pior foi quando eu consegui um emprego nos correios, já estava com o contrato na mão para ser assinado e quando a mulher olhou o meu visto eu perdi o emprego porque o meu visto era temporário. Isso me deixou muito mal.
Mas, já que eu falei em visto, uns dias atrás eu recebi a carta dizendo que finalmente o meu visto permanente foi aprovado. Depois de mais de três anos lutando por ele, até morar na Bélgica eu fui para poder conseguir esse maldito visto. Depois até deles terem duvidado que o Stefan realmente morava lá comigo e terem ameaçado não me darem o visto. Mas agora está tudo bem, como a gente estava contando a verdade o tempo todo, tínhamos mais do que provas de que ele morava integralmente lá comigo. O coitado viajava mais de 4 horas por dia pra ir e voltar do trabalho e eles vem criar encrenca, não adiantou, a gente conseguiu provar que fizemos tudo dentro da lei e eles tiveram que engolir e me dar o visto. Agora é só esperar a minha carteira de identidade (verblijfsvergunning) e ninguém mais me segura!!
O pior acontecimento dos últimos tempos foi o nosso querido carro ter desistido de viver. Semana passada ele foi levado para o ferro velho para ser destruído. Depois de quase dois anos nos servindo fielmente, ele não aguentou o tranco mais. Com esse carro a gente viajou de norte a sul pela Bélgica ano passado. Ele nos ajudou muito quando morávamos naquele fim de mundo. Mas agora a verdade é que não necessariamente precisamos de um carro, moramos no centro da cidade, tem dois supermercados a um quarteirão na nossa casa e mais um a 10 minutos de caminhada. O metro para a cinco minutos daqui e tem ônibus para todos os lados. E tem uma estação de trem super pertinho também. E assim que eu fizer as pazes com a minha bike maldita, eu pretendo usá-la mais vezes como meio de transporte e não só para ir à aula. Então, apesar de não ser legal o carro ter nos abandonado, também não será nenhum drama. We will survive haha.
No momento, além de eu estar estudando holandês como uma louca e estar me preparando também para o teste na faculdade de música, eu estou pensando em outras alternativas no caso de eu não passar em música (afinal são mais de 400 candidatos para menos de 8 vagas) e eu decidi que farei Comunicação com foco em mídia digital. Afinal, já que eu passo tanto tempo na internet, porque não fazer disso meu ganha pão, né? Eu pesquisei vários cursos até chegar nesse. Pensei em me tornar professora do ensino médio de história, inglês ou até holandês. Depois pensei em fazer Sociologia, depois quis fazer Desing. Mas no final, o único curso que eu me vejo tento um futuro que não irei odiar para todo sempre é comunicação. O curso é bem abrangente, assim como a internet e eu acho que posso me realizar profissionalmente fazendo isso. Mas isso é lógico se eu não conseguir entrar para faculdade de música haha.
Ah, tava quase esquecendo que eu quase quebrei minha mão! Sim, essa vida rock'n'roll ainda acaba me matando. Felizmente não está quebrada, mas eu tenho que passar à base de analgésicos e preciso manter uma faixa ao redor do meu pulso por mais de uma semana, até sarar. Posso usar meus dedos, mas não consigo mover meu pulso por causa da dor. Enfim, não dá pra se divertir em um festival gratuito sem sofrer algum tipo de conseqüência, né? Só que normalmente essa conseqüência é só uma ressaca no dia seguinte, e nunca uma mão toda arregaçada hehe.
Então, acho que esses são os acontecimentos importantes mais recentes. Como eu disse, eu levo uma vida super normal e não tem muita graça ficar escrevendo sobre meu cotidiano. Espero ter saciado a curiosidade de vocês e daqui uns dois meses, se algo interessante acontecer eu faço um novo resumo. Até lá vocês voltarão a ler minhas histórias e opiniões porque esse é o objetivo maior desse blog. That's all folks. Hasta la vista....