Lembram desse post aqui? Pois é, ele foi escrito há 5 semanas atrás e hoje eu vim aqui pra contar que o resultado acabou de sair e eu passei!!! Agora eu tenho um certificado na língua holandesa e eu nunca mais vou precisar me preocupar em fazer aulas! Estou tão feliz que tive que vir compartilhar aqui, afinal não é só de lamúrias, desabafos e tristezas que vive esse blog. Depois de mais de três anos estudando e dando duro eu finalmente colhi os resultados e obtive mais uma grande conquista nessa minha vida. Mês que vem faz 4 anos que eu vim parar na terra mais molhada que eu conheço e já tenho um post todo especial preparado pra ocasião. Por enquanto eu vou deixar vocês com uma música que me faz super feliz vou comemorar essa conquista com um jantarzinho especial com meu amoreco. Semana que vem eu volto ou não com mais um post maneirinho pro deleite de todos hahaha
Ace of Base - Beautiful Life
You can do what you want just seize the day
What you're doing tomorrow's gonna come your way
Don't you ever consider giving up
You will find, oh oh oh
[Chorus:]
It's a beautiful life, oh oh oh oh
It's a beautiful life, oh oh oh oh
It's a beautiful life, oh oh oh oh
I just want to be here beside you
And stay until the break of dawn
Take a walk in the park when you feel down
There's so many things there that's gonna lift you up
See the nature in bloom, a laughing child
Such a dream, oh oh oh
[Chorus]
I just want to be here beside you
And stay until the break of dawn
You're looking for somewhere to belong
You're standing all alone
For someone to guide you on your way
Now and forever
[Chorus]
I just want to be anybody
We're living in different ways
It's a beautiful life
I'm gonna take you to a place
I've never been before oh yeah
It's a beautiful life
I'm gonna take you in my arms and fly away
With you tonight
* ai que saudade dos anos 90 em que se podia ter um super hit pop sem ser
bizarra/andrógena/puta e ainda fazer letras super legais e fazer todo mundo feliz...
O sol está brilhando, as temperaturas subindo e o humor fluindo lindamente! Acho que todos sabem do meu amor pelo outono e o inverno, inclusive eu falei sobre isso recentemente nesse post. Mas a verdade é que depois de praticamente 6 meses de frio e escuridão, não existe uma só pessoa que não se alegra com a chegada da primavera. Mesmo os que sofrem de alergia ficam super felizes com as flores desabrochando, talvez por estarem dopados de anti-histamínicos hahaha.
Enfim, essa semana eu estou de super bom humor (mesmo tendo meus turnos cancelados no trabalho) e aproveitei pra começar a famosa Spring Cleaning (já que estou com tanto tempo livre). Estou fazendo por partes, cada dia um quarto. Segunda foi o dia de organizar o quarto da bagunça (futuro quarto de hóspedes). O lugar estava a definição do caos, era caixa espalhada pra tudo quanto é canto, livros jogados no chão, sacolas e mais sacolas em todos os lugares, literalmente impossível de andar lá dentro. Depois de mais de 3h limpando e arrumando tudo, agora tem uma pilha de caixa num canto, espelhos e quadros que ainda vamos colocar na parede em outro canto, e os livros em outro canto. O quarto parece que dobrou de tamanho! E agora até dá pra abrir a janela hahaha.
Hoje foi o dia do quarto de casal. Na verdade não tinha bagunça nenhuma lá pois é o lugar que dormimos e eu não consigo dormir com bagunça. Mas eu precisava organizar a minha cômoda de uma maneira que eu pudesse colocar todas as minhas futilidades coisas de maquiagem e cabelo lá porque eu já não aguentava mais ficar me maquiando na pia minuscula que tenho no banheiro. E algumas das coisas que estavam no quarto da bagunça precisavam se colocadas no nosso guarda-roupas gigante. Nas sala/cozinha/sala de jantar (porque é tudo juntos rs) eu só tive que dar uma limpeza no alto dos móveis porque assim como o nosso quarto, eu não deixo virar bagunça já que é a parte da casa em que passamos a maior parte do nosso tempo. Amanhã é dia de arrumar o escritório e assim fazer a coisa mais chata do planeta: organizar papelada! Ter que escolher o que vai ser jogado fora e o que precisa ser guardado é um inferno! Eu deixei o escritório pra amanhã porque o Stefan tá de folga e ele pode me ajudar hehehe. Aí na sexta vai ser dia de dar aquela senhora faxina no banheiro e lavabo (porque aqui eles são separados, não se "caga" aonde se toma banho hehe) e aí a casa estará limpa e organizada para receber os móveis que ainda precisamos comprar.
Assim que eu receber meu pequeno salário irei à uma floricultura pra comprar umas plantas bem bonitas pra colocar na minha sacada e temos também que comprar uma mesa e cadeiras para colocar lá e assim aproveitar os dias lindos de sol e quem sabe até poder estrear a mini-churrasqueira que ganhamos de natal, né? Dentro de casa já está cheio de flores, mas eu nunca acho que é suficiente então quero comprar mais e e mais rs.
Esse ano ainda não temos planos pras férias de verão, acho que vamos ter que escolher entre viajar ou terminar de comprar tudo que precisamos pra casa (nem lustre a gente tem ainda), mas se o clima continuar bonito assim, se a chuva der tréguas e a temperatura não passar dos 25ºC eu nem me importo de ficar por aqui mesmo curtindo minha casinha linda. Agora é ver se eu consigo ajudar o marido à pendurar as cortinas sem sair divórcio hahaha.
Enfim, esse foi só um postizinho rápido pra mostrar que nem tudo é uma merda e que eu sou sim muito feliz com a minha vida, apesar de toda a zica mencionada no último post. Na verdade eu vou é aproveitar esse tempo em que eu só tenho que trabalhar e que meu emprego não exige muito esforço mental, pra relaxar e curtir a primavera (afinal trabalhar com o sol brilhando é muito mais gostoso), já que a partir de setembro a faculdade vai consumir todo o meu tempo e meus neurônios e eu tenho certeza que vou até sentir falta do tempo em que minha maior preocupação era colocar cada carta na casa certa hahaha. Enfim, beijos ensolarados para todos e aproveitem a vida porque ela é tão curta e tão linda ao mesmo tempo....
E eu acho que fui lá e chutei. Não tem outra explicação pra minha falta de sorte nessa vida, tudo que existe a minima possibilidade de dar errado comigo, com toda certeza dará! Eu nunca tinha percebido o quanto eu era azarada até depois de vir morar aqui pras bandas do norte europeu. Não sei se minha falta de sorte que já existia nos meus 24 anos de Brasil se potencializou por eu ter me casado com alguém que também é super azarado ou se eu só comecei a notar de verdade porque foi aqui que eu tive que começar a lidar com "coisas de gente grande". Enfim, que zica é constante na minha vida, isso é fato consumado! Todos os problemas que pude ter com visto eu tive, problemas pra comprar um apartamento, problemas pra me cadastrar ou me inscrever em tudo e qualquer coisa, etc etc etc ad infinitum. Mas o pior de tudo foram meus problemas com os empregos que tive desde que cheguei aqui, e é sobre isso que vou falar nesse post...
Como a maioria de vocês sabem, eu vim para cá pra ser Au Pair, cheguei aqui e dei de cara com uma família maluca. A mãe suspeitava que o marido tinha tido um caso com a au pair que trabalhou lá antes de mim (uma australiana de 19 anos), mas mesmo assim ela resolveu contratar outra. Vai entender...Então o clima lá era extremamente tenso (lá nos primórdios do blog tem algumas coisas sobre isso, só que nessa época eu não tinha coragem de falar abertamente sobre esse tipo de coisa), era o marido falar algo do tipo "nossa que vestido bonito" pra mim que eu já recebia tratamento de gelo da mãe. Era horrível! Ela me tratava constantemente como uma rival, sendo que eu não tava nem aí pra aquele mané do marido dela, cruz e credo nele. A situação ficou insuportável depois que eu flagrei ela no sofá da sala com outro cara. Foi no dia que roubaram minha bolsa em Amsterdam e por isso eu cheguei muito mais cedo em casa e encontrei ela toda descabelada, de camisola e deitada nos braços de um "amigo". Eu percebi na hora que eles tinham acabado de fazer algo e ela ficou super espantada de me ver chegando em casa. Eu fingi que não percebi nada e nunca comentei do assunto com ela, mas o clima que já era ruim acabou ficando insuportável e eu decidi procurar outra família e me mudar de lá o mais rápido possível.
A outra família parecia super legal, era uma mãe solteira e duas meninas com caras de anjinho, uma de 4 e outra de 7 anos. Eu tinha o meu próprio apartamento no centro de Amsterdam que eu dividia com uma estudante holandesa (o apartamento que a família morava só tinha 2 quartos, então ele alugaram o apê de cima pra au pair e a holandesa alugava um quarto lá). Eu trabalhava muito mais porque lá não era só cuidar das meninas, eu também tinha que arrumar casa, lavar e passar roupa e tudo mais, a única coisa que eu não fazia era cozinhar, o resto era tudo minha obrigação. Mas eu nem ligava porque eu ganhava mais que o dobro lá e como era no centro de Amsterdam, rolava até de pegar uns extras de faxina sem problema. A verdade é que até aquele momento eu nunca tinha ganhado tanto dinheiro na minha vida! Mas toda essa grana veio com um custo alto. As meninas com cara de anjinho eram na verdade duas diabas dos infernos!! Elas eram do tipo que derramavam um suco, aí eu falava que ia ajudar a limpar mas que elas teriam que limpar também e aí elas viravam e falavam "num vou limpar nada porque minha mãe paga você pra limpar". AAAAAAARGH! Posso matar? A mãe era outra bruxa! Pra começar, eu não podia comer nada na casa sem permissão. Ela também tinha mania de me ligar do trabalho e dizer que ia pra uma happy hour e que eu assasse uma pizza com as meninas e que colocasse elas na cama e que ficasse esperando a dondoca chegar e isso só acontecia lá pras 1h da manhã. Veja bem, eu começava a trabalhar as 7:30 da matina e tinha que ficar lá plantada esperando a madame até 1h? E o pior, no dia seguinte lá estava eu no batente de novo às 7:30. E isso acontecia no mínimo uma vez por semana. Fora quando ela me mandava uma mensagem as 23h na sexta pedindo pra eu trabalhar no sábado de manhã e ficava brava quando eu dizia que já tinha planos. Enfim, era um cocô. Só pra ilustrar mais a história, alguns dias antes do natal de 2008 ela comprou um guarda-roupas novo e por isso fez uma faxina no antigo. Ela chegou pra mim com com um saco cheio de roupas de frio, dizendo pra eu escolher as que eu queria e o resto era pra eu jogar no lixo. Como era meu primeiro inverno por aqui, eu fiquei toda feliz com as roupas e peguei todas que me serviram, independente de achar bonita ou não. Uns dois dias depois, na véspera do natal, ela me viu usando uma das blusas que estavam no saco. Aí ela olhou e olhou e olhou e disse: "Liss, eu mudei de idéia e gostaria de ter minhas roupas de volta". Como assim??? Eu devolvi tudo só de raiva e passei o natal chorando de ódio daquele ser. Duas semanas depois foi aniversário da filha mais velha e ela mandou fazer um bolo gigantesco e sobrou mais da metade do bolo. No dia seguinte, ao guardar as coisas do café da manhã na geladeira, eu vi aquele tanto de bolo e tirei um pedacinho pra mim, juro que era super pequeno. Aí a noite a menina (isso mesmo, a menina que fez aniversário) chegou pra mim e disse: "Mama said you stole a piece of my cake and I didn't like it, ok?". Oi? Como assim²???? Tipo assim, eu posso até ter errado de pegar um pedaço sem pedir primeiro, mas fala sério, ao invés da bruxa ter vindo reclamar comigo, ela foi jogar a peste da filha dela contra mim, a filha que precisava me respeitar porque é comigo que ela ficava o dia inteiro...afff. Mesmo assim eu continuei lá, aguentando firme e forte todos os desaforos que passava até o dia que meu visto venceu e a bruaca (que já sabia que meu visto iria vencer quando me contratou) me ligou do trabalho dela falando que não queria o risco de tomar uma multa por minha causa (se a imigração descobre que tem um ilegal vivendo na sua casa, a multa é de 10 mil euros) e que eu tinha até o fim do dia pra arrumar minhas coisas e sumir dali (não, eu não estou exagerando, ela falou assim mesmo). Como assim³??? Nem ela e nem as meninas tiveram o trabalho de se despedir de mim, não que tenha feito alguma falta...
Enfim, depois disso eu fui morar com o Stefan e a minha sogra (nessa época ele ainda morava com a mãe) e fiquei só fazendo uns bicos de faxina (desses eu não tenho muito o que reclamar, inclusive uma das minhas patroas, que é brasileira, se tornou uma grande amiga minha) até terminar meu curso de holandês em Amsterdam e decidir o que fazer da minha vida. Foi aí que mudamos pra Bélgica e o resto da história eu já cansei de contar por aqui. Na Bélgia eu resolvi não trabalhar e só me dedicar à estudar holandês, fui fazer um curso intensivo e ser uma dona de casa vivendo às custas do marido hahaha.
No início do ano passado nós voltamos pra Holanda, tive que esperar alguns meses pro meu visto sair e estava coordenando as obras do nosso apê (nem acredito que já fez um ano que a gente comprou nossa casinha =D). Aí o visto saiu em cima da hora da gente sair de férias, então a minha procura por emprego só foi começar de verdade em setembro. Foi aí que eu comecei a trabalhar nos correios e eu já falei da insatisfação que tenho com eu emprego nesse post aqui. Enfim, a primavera chegou e eu estou meio que fazendo as pazes com meu trabalho, afinal eu provavelmente vou precisar manter esse emprego até lá pra agosto já que não há nenhuma perspectiva de encontrar outra coisa por enquanto e em setembro eu já começo a fazer faculdade. Agora que eu não preciso mais fazer aulas de holandês (espero que nunca mais), eu posso trabalhar mais dias na semana e ganhar uma graninha a mais.
Mas o motivo desse post/bíblia foi um emprego temporário que eu consegui pra trabalhar por algumas semanas. Mas lógico, como costuraram a boca do sapo com meu nome dentro, a budenga não deu certo também. O trabalho era em um call center para ligar pra empresas no Brasil e fazer pesquisa de mercado com eles. Eu estava achando perfeito, era ótimo pra eu conseguir alguma experiência na Holanda além de entregar cartas, eu podia ligar em português mesmo e eu poderia ter a chance de lidar com a minha telefone-fobia (eu tenho pavor de telefone, mas isso é assunto pra outro post). Sem contar que as horas eram ótimas e dava pra eu conciliar com meu trabalho nos correios (como esse era temporário, eu não poderia simplesmente largar os correios sem saber se conseguiria alguma outra coisa depois). Já no primeiro dia a zica começou! O projeto era pra durar de 6 à 10 semanas e eu estava contando com isso. Mas adivinhem, ele duraria na verdade de 3 à 6 semanas, e isso já é palhaçada porque eu já tinha feito planos com o dinheiro que ganharia por no mínimo 6 semanas. Já na primeira semana eles cancelaram 2 turnos que eu trabalharia por falta de números pra ligar. Até aí tudo bem porque na segunda semana se normalizou. Aí essa foi a terceira semana e seria estendido por mais duas. Eu já tinha até planejado meus turnos pra semana que vem. Eis que hoje de manhã eu recebo um email falando que meus turnos pra semana que vem foram cancelados pois não há números suficientes pra ligar. Aí eu mandei uma mensagem pras minhas colegas que estão trabalhando no mesmo projeto perguntando se elas também receberam esse email e adivinha? Nenhuma delas recebeu, só eu, só cancelaram os MEUS turnos! Não é de morrer de raiva? Se eu acreditasse em reencarnação eu ia acreditar que fui uma patroa muito ruim na outra vida e agora eu tenho que sofrer como empregada, seja em uma casa de família ou em uma grande empresa, eu devo precisar ter um carma pra cumprir antes de poder finalmente ter um emprego legal, em que eu ganhe bem e seja respeitada como trabalhadora....merda!
E só pra não falar que eu sou super mal humorada e só sei reclamar da vida, e também pra compensar por mais um post gigantesco só pra desabafar, eu deixo vocês com um vídeo hilário que eu vi hoje e que fez minha barriga doer de tanto rir. Pra quem tem mais de 20 anos com toda certeza será de dar gargalhadas.
Então, hoje o assunto é polhemiks. Estava agora conversando no Facebook com a Redd e outras pessoas sobre um assunto super importante pra mim. A questão de eu nunca ter tido nenhum pingo de vontade de ter filhos. O QUE?!?! Pois é, seu queixo caiu agora né? Como assim eu não quero ter filhos? Tenho certeza que toda a imagem que vc tinha sobre mim acabou de ir por água abaixo, né? Declarar que não quero ter filhos é o mesmo que declarar que matei uma pessoa, que adoro o diabo, que maltrato cachorrinhos indefesos e outras coisas horripilantes por aí. Aliás o efeito que essa declaração causa nas pessoas é ainda pior do que quando eu digo que sou ateia (estou pressentindo que depois dessa frase o número de leitores desse blog vai cair imensamente).
Pras pessoas que ainda não clicaram no X no canto direito da página pra nunca mais voltarem, eu vou tentar explicar essa minha decisão de nunca me tornar mãe. Eu nunca tive nenhum tipo de extinto materno, desde criança boneca pra mim só servia pra rabiscar a cara e cortar os cabelos. Na verdade eu tenho um pouco de medo de bonecas, acho que talvez eu tenha assistido os filmes do Brinquedo Assassino mais do que deveria hahaha. Anyway, os anos foram passando e a adolescência chegou. Essa é normalmente a fase em que as meninas começam a sonhar em se casar com o príncipe encantado e construir uma linda família com ele. Eu sonhava em ser uma estrela do rock e viajar o mundo, sem raízes, sem preocupações, sem ninguém pra me encher o raio do saco. Quando eu comecei o meu primeiro namoro sério, que durou 3 anos, eu comecei a questionar se me casar era algo a se considerar. E não era! Ele me pediu em casamento e eu disse não (tadinho) e esse é o único motivo do nosso namoro ter acabado. Depois disso eu tive mais dois namoros sérios e vários rolos por aí, mas sempre sabendo que nunca passaria disso, nunca seria mais do que um namoro. Nessa época eu já me atrevia a dizer que não queria filhos e que nunca entendi porque as pessoas tinham a necessidade de gerar outras pessoas. Nessa época eu sempre ouvia um "Ah, isso é fase, vai passar. Vc vai ver, quando vc conhecer alguém que te faça querer casar vc tbm vai querer ter filhos". E como eu era super novinha e ingênua, eu meio que acreditava nisso.
Pois então, eis que eu me mudei pra Holanda e conheci essa pessoa que me fez querer casar. Já estamos juntos a praticamente 4 anos (em maio) e casados a quase 2 anos. E nesse tempo a vontade de ter filhos nunca deu nem uma pontadinha sequer. Pelo contrário, me causa um certo desconforto só em pensar na possibilidade. Quando eu conheci o Stefan, antes das coisas ficarem sérias entre a gente (ele me pediu em casamento com um mês e meio de namoro), eu conversei com ele sobre isso. Disse que se ele escolhesse passar o resto da vida comigo ele estaria escolhendo uma vida sem filhos. Ele disse que também nunca teve vontade e que não fazia questão nenhuma disso. Talvez esse tenha sido o motivo principal de ele ter deixado de ser "só mais um namorado". Lá no fundinho da minha alma eu tenho uma pontinha de medo de que com o passar dos anos ele mude de ideia, mas como não dá pra prever o futuro eu não vou ficar sofrendo por antecipação, né?
Enfim, porque é que eu to falando tudo isso? Pra que eu tenho que expor uma decisão tão pessoal e que interfere tão pouco na vida das outras pessoas? Por que, por incrível que pareça, eu sofro muito preconceito por causa disso. Como eu disse lá no primeiro parágrafo, as pessoas passam até a te tratar diferente depois que descobrem que vc não quer ter filhos. E o pior, eles tentam te convencer a ter filhos igual um religioso fanático tenta te converter à fé dele. É algo insuportável! E as vezes dói muito saber que pessoas que deveriam estar do meu lado e me dar apoio em todas as situações (como sua família e amigos próximos) são os que mais tentam me "provar" que eu estou errada, que ter filhos é o único caminho a ser seguido por um casal e que eu devo ser algum tipo de alien por não ter o tal do instinto materno.
Existem vários mitos relacionados com pessoas que não querem ter filhos, mas o mais injusto deles é que a gente não gosta de crianças. Gente, a maior alegria da minha vida são os meus sobrinhos (tanto os de sangue quando os adquiridos pelo casamento) e meus primos e os filhos das minhas amigas. Eu amo loucamente cada um deles e daria a minha vida por cada um deles. Sem brincadeira. Ser tia é a minha maior realização. As vezes eu me pego imaginando que daqui a pouco todas as minhas amigas terão filhos (todas já estão na casa dos 30, então é só uma questão de tempo), e que eu vou sobrar porque elas não terão mais tempo pra mim. Mas depois eu penso que se elas não fizerem questão de arrumar tempo pra mim, é porque nunca foram minhas amigas de verdade.
Nesse papo que eu tava tendo no Facebook foi postado esse texto aqui. Ele fala exatamente do preconceito que casais sofrem ao declararem que não querem ter filhos e sobre os mitos e verdades sobre pessoas que não pretendem nunca ser pais. O texto é longo e talvez vc tenha preguiça de ler tudo, então vou copiar e colar as partes que achei mais interessantes e que são relacionadas aos meus motivos:
“Toda mulher nasce com o instinto materno” Podemos dizer que não existe amor materno como instintivo. O amor materno é relacional e, portanto, é construído na vida social. Por isso, um grande mito é aquele que diz que toda mulher deve ser mãe e que esse amor materno é natural quando, na verdade, a relação mãe e filho é construída, ou seja, há para ela a possibilidade da escolha da maternidade.