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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O que quero ser quando crescer?

A resposta sempre esteve na ponta da língua: quero cantar! De preferencia em uma banda de metal/rock, fazer shows, gravar álbuns, escrever minhas próprias músicas...bem por aí. Então enfiei na cabeça que pra conquistar isso tudo eu precisava ir pra faculdade aprender isso tudo. Em Belo Horizonte e em toda Minas Gerais não existe faculdade de música popular, rock, etc, se quiser estudar música na faculdade vai ter que ser música erudita. E foi bem isso que eu fiz, comecei a estudar música erudita um pouco antes meu primeiro ano do ensino médio, participei de vários coros, produções de ópera, recitais, fiz aulas com professores renomados e até ganhei uma graninha com o canto erudito. 

Fiz isso de 1999 até 2007, nesse tempo em comecei e terminei o ensino médio, fiz cursinho e tentei vestibular três ano seguido, tanto pra UFMG quanto pra UEMG. Não passei na em nenhum dos dois por causa de cursos que não têm nada a ver com música, tipo matemática e química. Mas eu nunca parei de me dedicar ao canto. Só que fui ficando cansada desse mundo erudito. É muita falsidade nesse meio, muita gente querendo fuder com os outros só pra ficar bem vista aos olhos dos maestros e produtores. Fora que eu comecei a reavaliar o porque de eu estar fazendo isso tudo e percebi que, apesar de eu amar muito e ter sim bestante satisfação, a musica erudita não era minha paixão. Eu queria uma banda, queria escrever minhas próprias musicas, queria fazer turnê. Nada disso seria possível se eu continuasse a me dedicar tanto ao canto erudito. 

Apesar de tudo eu ainda estava com a ideia fixa de que pra realizar meu sonho eu precisava fazer uma faculdade de canto, então comecei a procurar fora de Minas Gerais por algum curso universitário mais direcionado à musica popular, rock, etc. Foi aí que eu tomei a decisão mais drástica da minha vida. Eu mudei pra Holanda! Eu já contei aqui um pouco de como foi que eu decidi mudar pra cá. Vim com a certeza absoluta de que eu iria estuar na Rock Academy no sul da Holanda. Daí eu fui visitar a faculdade e descobri que além de mim, metade do país resolveu ir estudar canto. Também descobri que todos os cursos eram dados em holandês e eu precisaria aprender a língua antes de me inscrever. Então resolvi procurar outras faculdades, pois a Holanda tem várias faculdades direcionadas à outros estilos musicais além do erudito, eles têm até uma faculdade especializada em metal! Mas todas tinham o mesmo problema: competição acirrada. Se eu quisesse aprender baixo a história seria diferente, mas eu queria o mesmo que várias pessoas, queria estudar canto. 

Foi então que me inscrevi pra um curso preparatório pra faculdade de musica de Rotterdam. Foi nessa época também que comecei à ter contato com músicos já formados por essa mesma faculdade (e outras espalhadas pelo país) e todos eles me diziam a mesma coisa, diziam que fazer faculdade de música não significa nada, não garante que você vai se dar bem como músico, não garante que você vai ter algum tipo de renda depois de formar. A maioria dessas pessoas já formadas estavam passando por dificuldades financeiras, tendo que dar aulas das 8 da manhã até as 22 horas pra conseguir pagar o aluguel, algumas até estavam trabalhando em empregos nada a ver com musica, depois de ter dedicado 4 anos à se tornar músicos profissionais. O que todos me diziam é que não é necessário ter um diploma acadêmico pra ser um bom músico e que eu estaria perdendo meu tempo e meu dinheiro. 

Nessa época eu tomei a decisão mais difícil da minha vida, eu desisti de fazer faculdade de musica. Veja bem, eu não desisti da musica e nem desisti de estudar com bons instrutores e me aprimorar. Eu continuo fazendo curso de canto com uma professora ótima e tenho uma banda na escola de musica com quem me apresento algumas vezes por ano. Eu desisti foi de ter um diploma dizendo que eu aprendi aquilo tudo em nível  universitário. Mas porque essa decisão foi tão difícil? Porque eu passei praticamente 15 anos da minha vida com essa ideia fixa de que eu precisava disso tudo pra me tornar a cantora que eu gostaria de ser. Eu inclusive deixei isso ser uma barreira no passado, achando que eu não seria boa o suficiente pra cantar em uma banda até eu obter esse diploma. Foi muito complicado mudar de ideia e tem hora que eu acho que ainda não mudei completamente, acho que é um longo processo até eu conseguir me limpar totalmente desse pensamento. 

Então depois de meses pensando no que eu gostaria de fazer eu descobri que a unica coisa que eu gosto tanto quanto musica é a internet. Pesquisei cursos e faculdades e escolhi o curso de comunicação com especialização em mídia digital. Estou no meu terceiro ano e no momento estou fazendo estágio. Estágio aqui funciona diferente, são seis meses de estágio em tempo integral. Não tem aulas nesse período (só duas vezes por mês um encontro pra conversar sobre as experiencias no estágio) então é praticamente como se estivéssemos no emprego que teremos depois de formados. Eu gosto do meu curso, apesar de me sentir bem frustrada de vez em quando. Eu gosto também do meu estágio. Mas as vezes fico questionando se é isso mesmo que quero pro resto da vida. Passei tantos anos perseguindo um sonho que nunca parei pra pensar no que faria caso não desse certo. Hoje em dia eu acordo todos os dias bem desmotivada, acho legal o que faço mas não mais que isso, nada mais que legal. Será que eu me sentiria assim se tivesse escolhido um outro curso? Será que qualquer coisa que fizer que não seja diretamente relacionado à música vai me fazer sentir assim? Será que vou ter que passar o resto da vida procurando por algo que me satisfaça por completo, além da música? Ou será que vou ter que me contentar com fazer algo que acho simplesmente legal? 

Ainda tenho até julho de 2016 pra responder todas essas questões, mas na verdade o que me faz tudo piorar é a pressão que sinto pra já ter todas essas respostas, afinal já tenho 31 anos e já era pra ter minha vida resolvida. Ou não? O que fazer quando o seu plano de vida precisa ser totalmente retraçado depois dos 30? Como lidar com a incerteza de não saber o que quer? Nem posso dizer que me sinto como uma adolescente decidindo meu futuro porque quando eu era adolescente eu sabia exatamente o que queria ser quando crescer....

Música que define esse momento da minha vida: Mary Jane da Alanis Morissette. Quase 20 anos ouvindo o álbum Jagged Little Pill e até hoje encontro músicas com letras relevantes pra coisas que sinto :-)

Mary Jane

What's the matter Mary Jane, you had a hard day
As you place the don't disturb sign on the door
You lost your place in line again, what a pity
You never seem to want to dance anymore
It'sa long way down
On this roller coaster
The last chance streetcar
Went off the track
And you're on it
I hear you're counting sheep again Mary Jane
What's the point of trying' to dream anymore
I hear you're losing weight again Mary Jane
Do you ever wonder who you're losing it for
Well it's full speed baby
In the wrong direction
There's a few more bruises
If that's the way
You insist on heading
Please be honest Mary Jane
Are you happy
Please don't censor your tears
You're the sweet crusader
And you're on your way
You're the last great innocent
And that's why I love you
So take this moment Mary Jane and be selfish
Worry not about the cars that go by
All that matters Mary Jane is your freedom
Keep warm my dear, keep dry
Tell me
Tell me
What's the matter Mary Jane
Mary Jane (tradução)
O que há Mary Jane, teve um dia difícil?
Assim você põe o sinal de "não perturbe" na porta
Você perdeu o lugar na fila de novo, que pena
Você parece mais querer dançar
É uma longa descida
Nesta montanha russa
O bonde da última chance
Saiu da pista
Com você dentro
Ouço você contando carneirinhos de novo, Mary Jane
Pra que tentar continuando a sonha
Ouço você perdendo peso de novo, Mary Jane
Você imagina para quem você está perdendo isto?
Bem, isto é velocidade máxima, baby
Na direção errada
Há um pouco mais feridas
Se este é o caminho
Que você insiste em seguir
Por favor seja honesta Mary Jane
Você está feliz?
Por favor não censure suas lágrimas
Você é uma doce guerreira
E está em seu caminho
Você é a ultima grande inocente
E esta é a razão por eu te amar
Então pegue este momento, Mary Jane, e seja egoísta
Não se preocupe com os carros que vão embora
Tudo que importa, Mary Jane, é sua liberdade
Mantenha-se quente minha amiga, mantenha-se seca
Conte-me
Conte-me
Qual o problema Mary Jane?


4 comentários:

  1. Oi Liss.
    Olha, eu estudei música na UNESP. Entrei no curso que sempre "sonhei" pra mim. Foram seis anos de composição e regência, até perceber, no terceiro ano, que eu não queria ser compositora, nem regente. Mas eu não quis largar esses três anos. Fui até o fim, e agora faço mestrado em educação especial, algo que sempre quis também, pois eu dava aula de música para crianças com deficiência, e achava que com um mestrado eu me realizaria. Estou realizada? Não. E acho que nunca estarei. Nunca estaremos.
    Estou contente sim, pois fui até o fim da minha faculdade, até o fim do meu mestrado (faltam 3 meses!) e acredito que minha formação abrirá portas pra mim. O "problema" é que algumas pessoas sempre querem mudar, e não vejo problema nisso. Eu ja tenho quase 29 anos, não tenho emprego, um carro ou uma casa no meu nome, mas toda a experiencia que já tive contam muito pra mim, assim como sua experiência deve contar pra vc!

    Continue estudado música! E realmente, vc não precisa de um diploma...
    Bjo!

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  2. Me identifico muito com sua indecisão. Estou com 29 e ainda não sei o que quero pra vida. Meu maior sonho era viajar o tempo todo e conseguir tirar meu sustento disso. Até que consegui uma alternativa, mas acho que entrei numa zona de conforto, onde o dinheiro que ganho, na profissão que tenho hoje, me proporciona apenas 30 dias corridos de férias, onde posso viajar. Eu não estou nada feliz com isso, mas eu também não consigo ter coragem, pois a idade bate e penso muito que daqui pra frente preciso construir para desfrutar de uma velhice sossegada, porém o futuro é muito incerto então ainda estou indecisa! O que eu diria é, se você tiver coragem, siga seus sonhos. Quando a vida passar e a gente ficar velho, pode ser tarde demais e com certeza nos arrependeremos!

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  3. Tou achando que isso é um mal da nossa geração, mas não por culpa nossa. Antigamente, muito antigamente meeeesmo, as pessoas que podiam estudar eram uma espécie de faz-tudo da intelectualidade, sabe? Tipo aquele estilo de sábio antigo que era filósofo, poeta, pintor, biólogo, compositor e matemático? Rsrsrs...

    O problema é que vivemos em um mundo onde você precisa escolher UMA coisa para fazer O RESTO DA SUA VIDA e que de preferência te dê rios de dinheiro e estabilidade. É muito difícil conciliar essas exigências e a gente fica perdida, dividida entre fazer o que gosta versus ganhar dinheiro. Tanto que, no meu caso, eu passei tanto tempo condicionada a fazer algo que me desse dinheiro que até hoje não sei o que fazer da vida. Larguei um cargo público (eca) para me mudar para o Canadá e ao chegar aqui resolvi permanecer na mesma profissão que tinha lá, pois não faço a mínima idéia do que eu gostaria de fazer no lugar...

    Enfim, desculpe meu coment-desabafo! Hihihi...
    Beijos,
    Lidia.

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  4. Chorei com a música. Sim, a vida é feita de escolhas e não é fácil escolher. Mas nunca é tarde para mudar e seguir em direção à sua felicidade. Ouça sua voz interna. bjs

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